A professora universitária e doutora em educação e relações raciais, Lucimar Rosa Dias, lamentou que nomes de autores de livros tenham sido citados em investigação da Operação Lama Asfáltica, já que eles apenas tiveram contratos para a publicação de suas obras sem qualquer ligação com órgãos públicos. “Os autores recebem os direitos autorais, quem comercializa a obra é a editora, é lamentável que os autores tenham sido citados nesse processo abominável”, afirmou.
Lucimar Dias explica que foi procurada pela Gráfica e Editora Alvorada para elaborar um parecer sobre o motivo que teria levado o governo de Mato Grosso a ter recusado um livro que tratava da questão racial. Após elaborar o parecer sem cobrar pelo serviço, o editor perguntou se ela poderia melhorar a referida obra, no que ela respondeu negativamente, já que a obra era de outro autor.
Como a professora tem forte atuação neste segmento e com várias publicações sobre história e cultura afro-brasileira, o editor da Gráfica e Editora Alvorada perguntou se Lucimar Dias não teria uma obra nesta área para que fosse publicada. Como ela tinha o “Cada um com seu jeito, cada jeito é de um”, que trazia a temática racial e ainda estava no papel, o editor acertou com Lucimar Rosa Dias a sua publicação.
Para isso foi assinado contrato em que ficou estabelecido que receberia 5% a título de direito autoral de cada livro vendido. Quando a obra ficou pronta, a autora recebeu como adiantamento R$ 5 mil, que foi descontado à medida em que as publicações eram vendidas. No total, recebeu R$ 15 mil.
Segundo ela, a editora não informou a tiragem e nem como foram feitas as vendas. “A comercialização é feita diretamente pela editora, eu recebia relatório trimestral e o valor dos direitos autorais”, afirmou. Lucimar Dias disse que, como ocorre com qualquer outra editora, os autores apenas assinam os contratos para o recebimento dos direitos autorais, sem tomarem conhecimento de como as obras são vendidas.
Os outros autores que tiveram livros publicados pela Gráfica e Editora Alvorada e foram citados no relatório da Operação Fazendas de Lama, Gilberto Matjje e Ariadne Cantu, também foram procurados. Nas várias ligações feitas ao consultório mestre em psicologia Gilberto Matjje, a informação é de que ele estava em atendimento. Ariadne Cantu não quis comentar o assunto.
Relatório da CGU (Controladoria-Geral da União) que faz parte do acervo da Fazendas de Lama, aponta irregularidades na contratação da Gráfica e Editora Alvorada e suposto pagamento de propina da empresa ao ex-governador André Puccinelli. Os indícios seriam as conversas telefônicas gravadas com autorização da justiça, em que ele conversa com o ex-secretário Adjunto de Fazenda, André Cance, sobre pagamento à Gráfica e Editora Alvorada, nos últimos dias de governo.
Na Gráfica e Editora Alvorada, a informação é de que só o sócio Mirched Jafar Júnior pode falar sobre o assunto, e ele já teria avisado que não atende a imprensa.
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