Edson Silva montou um Buffet Solidário para distribuir refeições à famílias carentes.

Atingido pela crise, chef transformou prejuízo em solidariedade
Lembrar dos tempos difíceis no início da pandemia emociona o chef de cozinha. / Foto: Valdenir Rezende/Correio do Estado

O restaurante de Edson Dias foi um dos comércios prejudicados pela pandemia. O estabelecimento teve seus lucros reduzidos em cerca de 60%, funcionários foram suspensos e gastos reduzidos. Mas isso não desmotivou o chef de cozinha, que criou o Buffet Solidário, onde distribuiu refeições para famílias em situações de vulnerabilidade no bairro Canguru, em Campo Grande.

“Teve um dia que eu fiz o almoço como sempre e sobrou tudo, não vendeu nada”, contou Edson, com lágrimas nos olhos. Para não desperdiçar a comida, ele montou marmitas e saiu pela cidade para doar à quem precisasse. “Quando parei o carro muitas pessoas vieram pegar, não só quem era da rua, mas quem não tinha o que comer. Sai de lá tomado pela emoção e pensei que tinha que fazer alguma coisa a mais. Ai consegui doações de alimentos e resolvi levar o Buffet lá para a comunidade, que um conhecido me indicou”, contou.

Segundo Edson, a refeição atendeu cerca de 100 crianças. “Tive todo o cuidado de higienização, colocamos todos os equipamentos de segurança e fomos. Quando a gente chegou lá as crianças até corriam atrás do carro. Um senhor me agradeceu e falou que eu tinha garantido o almoço dele, mas já era 18h”, comentou.

“Tem muita gente que critica, que fala mal, mas o que essas pessoas tão fazendo? Eu não gastei um centavo para levar a comida até lá, só boa vontade”, comentou Edson. Ele complementou dizendo que pretende continuar com ações na comunidade, já que a primeira vez deu certo.

O chef é de uma família humilde, natural de Mato Grosso, onde morava com os pais e mais 7 irmãos. Veio tentar a vida em Campo Grande há 27 anos, começou na gastronomia como garçom e foi subindo na área alimentícia. Já foi gerente em cafés e pizzarias, até virar proprietário do “Ed Mania”.

Toda a família trabalha no lugar. Edson comanda a cozinha, sua esposa Angela Roberti Verine fica no caixa, e seu filho Alessandro Rodrigues Martins é funcionário. Até a caçula de 5 anos, Maria Cecília, já foi fazer companhia para o pai em entregas de marmitas.

O empresário disse que seu restaurante teve que se reinventar na pandemia. Além da solidariedade, a crise o ensinou a melhorar a gestão do empreendimento, “vamos sair melhor dela”, garantiu.