Após confronto entre catadores do lixão e militares do BPChoque (Batalhão de Políciamento de Choque) , moradores da Cidade Deus construíram barreiras de fogo para tentar impedir o acesso da polícia na favela. Eles afirmar que foram “traídos pela ação dos militares" e ameaçaram bloquear novamente a BR-262, assim que a polícia deixar o local.
Juliano Gomes Medina diz que fazia parte da manifestação em frente a Usina de Triagem de Recicláveis. “Estávamos aqui desde as seis da manhã, protestando contra o fechamento do lixão. Estava tudo tranquilo e a PRF garantiu que não ia acontecer nada. De repente, o Choque chegou aqui e jogou bomba contra todo mundo. Nos sentimos traídos. Eles invadiram a favela jogando bomba”, diz.
Segundo moradores da Cidade de Deus, os policiais adentraram a favela e jogaram bombas de efeito moral, até mesmo contra casas de família que sequer estavam envolvidas na confusão. Sueli Roa explica que mora bem próximo à entrada do lixão, onde ocorreu o início do desentendimento . Ela diz que os moradores fizeram barreiras de fogo para impedir a entrada da polícia na favela, mas que ainda assim, eles “entraram e jogaram bombas para todos os lados”.
Os moradores juntaram os restos de objetos, que garantem ser das bombas jogadas pelos policiais, e mostraram para a equipe do Jornal Midiamax. Eles falam que a ação dos policiais foi exagerada “Não tinham alvo específico. Quem estava nas casas não haviam feito nada e foram surpreendidos pelas bombas. Na minha casa, por exemplo, estava minha nora, que está grávida e duas crianças dormindo. Eles acordaram passando mal com a fumaça da bomba. Foi uma correria”, diz.
Após ação do choque, os manifestantes liberaram a rodovia mas ameaçam novo bloqueio a qualquer momento. “Assim que a polícia sair, vamos fechar de novo. Terão que ficar de sentinelas até amanhecer pois não vamos sair daqui”, disse Juliano Gomes. Em seguida, os manifestantes entraram para a favela e fecharam todos os acessos com barreiras de fogo.
Já tenente Arédio, da Polícia Militar, que também está no local, desmentiu as informações dos manifestantes. Segundo ele, o BPChoque agiu apenas para estabelecer a ordem. “A polícia agiu apenas para desbloquear a rodovia. Não há sequer registro de feridos”, disse.
Três viaturas da PRF (Policia Rodoviária Federal) e duas da PM (Polícia Militar) continuam no local, além de motocicletas da Guarda Municipal. Os militares montaram uma espécie de corredor, na rua que dá acesso da favela para BR-262, para impedir novo bloqueio por parte dos catadores.
Reinvindicação
Os catadores reivindicam a reabertura do lixão. Segundo eles, o lixo levado para a UTR não é suficiente para as 424 pessoas que trabalham no local. "Terminamos com os recicláveis em apenas três dias. O que catávamos em um dia no lixão, aqui, na UTR, conseguimos em uma semana. Só queremos que liberem nosso trabalho no lixão", explicou o catador Juliano Gomes Medina.
O lixão foi fechado em cumprimento da decisão do juiz em substituição legal na 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Marcelo Ivo de Oliveira, que bloqueia o acesso de catadores de recicláveis à 'área de transição'. A decisão é do dia 28 de fevereiro.
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