Celia saiu do Estabelecimento Penal Feminino de Corumbá nesta manhã, após ter prisão revogada pelo STF.

Após 6 meses, boliviana investigada por desastre aéreo da Chape deixa presídio
Celia saindo do presídio em Corumbá. / Foto: Anderson Gallo/ Diário Corumbaense

Por volta das 10h desta quarta-feira (30), Celia Castedo Monasterio, passou pela porta da frente do Estabelecimento Penal Feminino de Corumbá, cidade a 428 quilômetros de Campo Grande. Ela é acusada de ter fraudado plano de voo e deixado de observar os requisitos procedimentais mínimos para que ele fosse aprovado no dia 28 de novembro de 2016. O voo transportava a delegação do time da Chapecoense, que caiu na Colômbia, matando 71 pessoas.

Celia era controladora de voo da Aasana (Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea) da Bolívia e foi presa pela Polícia Federal dia 23 de setembro do ano passado e ontem (29), teve a prisão revogada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Hoje, ao sair do presídio, em entrevista ao site Diário Corumbaense, ela afirmou que retornará para a Bolívia e que há nenhum processo em andamento contra ela.

“Foram seis meses esperando que tudo se solucione. Minha família apresentando documentos e informando que sou livre na Bolívia, fazendo todos os trâmites. A Bolívia nunca pediu a minha extradição, não respondeu ao Brasil, sou livre na Bolívia, para onde retorno. Tenho algumas audiências lá, mas sei que sou livre no meu país”, afirmou Celia.

Celia responde pela suposta prática de crimes de atentado à segurança dos meios de transporte e descumprimento do dever, pela queda da aeronave em Cerro El Gordo, na Colômbia, da empresa LaMia, em 29 de novembro de 2016, que transportava os jogadores da Chapecoense, tripulação, entre outros passageiros. Em razão da acusação, Celia foi incluída na lista da Difusão Vermelha pelo Escritório Central Nacional da Interpol em La Paz, Bolívia.

Durante a entrevista, a mulher contou que foi presa depois que a PF solicitou a presença dela na delegacia. “Eu já estava morando na Bolívia, só vim aqui para fazer a entrega de um apartamento que tenho em Corumbá, e vim à Polícia Federal, pois segundo eles, tinha que assinar um documento. Fui até lá e ao chegar, me deram voz de prisão, porque era procurada na Bolívia”, disse.

No pedido de revogação da prisão, a defesa alegou que Celia "não é inspetora, não é uma autoridade e não é uma especialista em segurança de voo pela Administração de Aeroportos e Serviços ao Trajeto Aéreo Boliviana. Contudo importa destacar que era tão somente uma simples funcionária de apoio, não tendo conhecimentos das características do avião, e não possuía competência para trocar ou modificar planos de voos”.

A informação foi ressaltada pela mulher que disse que trabalhava apenas na parte do tráfego aéreo “não tenho nada que ver com autorização, com tipo de aviões, combustíveis, tudo é de responsabilidade da linha aérea, piloto e de quem certificou a aeronave para operar na Bolívia. Não tenho nada que ver com autorização de voo, combustíveis”, destacou Celia nesta manhã.

Nesta terça-feira, o ministro, André Mendonça, decidiu pela soltura de Célia e determinou o arquivamento do processo de extradição por "perda superveniente do objeto".

Acusação - A estrangeira foi acusada de ser responsável pela análise e aprovação do plano de voo da aeronave, que em novembro de 2016, por volta das 22h57, caiu ao se aproximar do aeroporto internacional José Maria Cordova, em Rio Negro, a poucos quilômetros da cidade de Medelín, na Colômbia, onde a equipe brasileira disputaria o jogo de ida da final do Sul-americano de futebol.

O avião com a equipe técnica da Chapecoense se chocou com o monte conhecido como Cerro El Gordo, de 2.600 metros de altitude. Setenta e uma pessoas morreram na tragédia, sendo 19 jogadores da Chapecoente e 20 jornalistas.

Quando foi presa, Celia vivia em Corumbá, cidade que faz fronteira com a Bolívia, desde dezembro de 2016, quando teve pedido de refúgio aceito pela Justiça brasileira, após justificar que na Bolívia passou a ser perseguida após declarações sobre o acidente com o time brasileiro da Chapecoense.