Dona de creche clandestina no interior do Estado tem extensa ficha de antecedentes criminais, com denúncias de maus tratos, violência doméstica e furto.

Antes de torturar bebês, mulher foi acusada por agredir a avó
Creche clandestina foi fechada após a prisão da dona, e os pais dos alunos ainda estão sendo ouvidos. / Foto: Divulgação

Na terça-feira (11), Caroline Florenciano dos Reis Rech, dona de uma creche clandestina em Naviraí, foi presa por torturar e dopar crianças que frequentavam o local, nomeado Cantinho da Tia Carol. No entanto, essa não foi a primeira acusação contra Caroline Rech na esfera criminal. 

Com uma ficha de antecedentes criminais extensa, a dona da creche foi acusada de diversos crimes, como calúnia, difamação, furto, violência doméstica, denunciação caluniosa, vias de fato, maus tratos, ameaça, comunicação falsa de crime, entre outros, registrados nas cidades de Dourados, Fátima do Sul, Naviraí e Itaporã. 

Entre os processos que constam contra ela há uma denúncia de furto de cabelo mega-hair. Segundo o documento, a vítima havia saído de casa e deixado a janela de seu quarto encostada. Na ocasião, a acusada teria entrado no local e subtraído o objeto, avaliado em R$ 1.200. O processo foi suspenso em 2022. 

Já outra denúncia, de maus tratos, foi registrada em 2019. A vítima seria a avó de Caroline, que na época morava com ela, mas a dona da creche clandestina teria sido liberada pela polícia após pagamento de fiança. 

Em nota, a defesa da dona do Cantinho da Tia Carol prestou esclarecimentos, afirmando que há quatro anos o local estava funcionando e que, em todo esse período, nenhuma agressão, ameaça, constrangimento ou ministração de remédio sem o consentimento dos responsáveis foi registrada.

O comunicado diz ainda que Caroline “nunca colocou em risco a vida e a saúde das crianças sob seu cuidado”. 

Segundo a delegada responsável pelo caso, Sayara Baetz, da Polícia Civil de Naviraí, a prisão da dona da creche ocorreu após denúncia anônima de uma mãe, que deixava o filho no local. A criança não sofreu violência, mas relatou que os colegas apanhavam, o que atormentou o menino. 

A partir dessa denúncia, foi instaurado um inquérito policial, e a delegada fez um apelo à Justiça para obter autorização de instalar equipamentos de captação de imagens dentro da creche, sem que a dona e a funcionária soubessem. 

A decisão da Justiça foi favorável, e o setor de inteligência da Polícia Civil foi acionado, instalando as câmeras na creche, que foi monitorada na segunda-feira (10), o que, de acordo com a delegada, foi o suficiente para flagrar as cenas de violência contra as crianças, que têm entre 11 meses e sete anos de idade. 

Sayara Baetz relatou na coletiva de imprensa que a dona do espaço dava remédios que são indicados a pacientes com enjoos e vômitos a crianças menores de dois anos de idade. Os medicamentos não são recomendados para crianças. 

Os remédios deixavam as crianças sonolentas, o que fazia com que dormissem durante o período que ficavam no local. Os pais que já foram ouvidos pela polícia relataram que as crianças chegavam da creche com sono, fome e sede. 

Entre os relatos da delegada, uma criança de 11 meses apanhou da dona da creche porque chorava, e outra criança foi humilhada diante dos colegas por ter feito xixi na roupa. 

O local não tem documento de autorização e registro de funcionamento, mas tinha ao menos 40 crianças como alunos e funcionava o dia todo.

Além de Caroline Reich, uma outra funcionária trabalhava no local, que foi solta após pagamento de um salário mínimo de fiança.

A creche clandestina foi fechada após a prisão da dona, e os pais dos alunos ainda estão sendo ouvidos. 

Caso Pequiá
Outro caso de maus tratos e de tortura de alunos foi denunciado em junho deste ano, em São Paulo. Os donos da Escola Infantil Pequiá foram denunciados por uma ex-funcionária, que gravou diversos vídeos de humilhações contra as crianças que frequentavam o local. 

Entre os vídeos exibidos em uma matéria do Fantástico, um aluno de cinco anos é pressionado na frente dos colegas após ter feito xixi na roupa. A diretora da escola e o marido são os responsáveis pelas palavras de repreensão ao garoto. 

Em uma foto, outro menino é flagrado amarrado com sua camisa a um poste da escola. A criança teria sido castigada por mais de uma hora, por estar “agitada demais”. 

A escola de São Paulo também tinha uma sala escura que era usada como castigo para as crianças. Entre os relatos, há diversas denúncias de crianças que foram obrigadas a ficarem nuas na frente de seus colegas. Uma delas, inclusive, teve de ficar em uma bacia na chuva porque havia vomitado na roupa. 

Na matéria do Fantástico, há ainda relatos de que os alunos eram obrigados a comer, mesmo quando estavam passando mal, com ânsia de vômito. No entanto, essa não foi a primeira denúncia contra a escola Pequiá. 

Em 2021, uma mãe foi até a polícia após seu filho ter relatado fortes dores de cabeça. Ao conversar com o filho, a criança informou que o dono da escola bateu com o cotovelo em sua cabeça. A criança ficou oito dias na escola. 

O acusado disse, em depoimento, que não houve nenhum tipo de agressão e que a acusação era absurda. O caso ainda está em andamento.