Polícia não descarta possibilidade de reconstituição para o crime

‘Ajudava a todos’, destacam moradores de Terenos sobre mulher jogada na vala pelo amante
Polícia não descarta possibilidade de reconstituição para o crime / Foto: (Henrique Arakaki, Midiamax)

Moradores de Terenos, a 31 quilômetros de Campo Grande, falaram ao Jornal Midiamax sobre o caso de Raquel Perciliano, de 59 anos, que teve o corpo jogado em uma vala, após sofrer um mal súbito durante a relação sexual com o amante.

O homem foi ouvido na delegacia acompanhado de seu advogado e liberado. Ele foi autuado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Raquel era casada e tinha quatro filhos. A servidora da prefeitura era muito querida na cidade, segundo os moradores.

Irineia Nascimento, 85 anos, vizinha da Raquel, disse ao Midiamax que a servidora foi uma das primeiras moradoras da rua. “Quando eu cheguei aqui, em 2003, ela já morava nessa casa”, disse a idosa.  

“Ela era uma boa pessoa, era muito trabalhadora, ajudava todo mundo. Ela fazia de tudo pelo povo, é uma história muito triste”, disse Irineia. Moradores se disseram inconformados com a notícia da morte de Raquel. 

Já sobre como a morte de Raquel ocorreu, moradores falaram que ninguém tem de julgar ninguém, “Mas como diz, a vida era dela, né? Acho que ninguém tem que ficar julgando ninguém, não”, afirmaram. O marido de Raquel fazia hemodiálise, e moradores relataram que ela sempre o levava para fazer o tratamento. 

Família vai esperar laudo
A filha de 31 anos de Raquel disse ao Midiamax que vão esperar pelo laudo da polícia. “Ela tinha uns problemas de coração, mas nada tão sério assim”, disse a filha sobre a mãe, que morreu devido a um infarto. 

“Ela não era de ficar sem responder, falar onde estava ou que estava fazendo por muito tempo. E aí ela sumiu no domingo, eu mandei mensagem para ela era 13h, e ela já não estava respondendo, aí até hoje, né”, disse sobre quando a mãe desapareceu. 

Tapete no corpo e câmeras de segurança
A Polícia Civil de Terenos deverá analisar as câmeras de segurança por onde o carro onde estava Raquel Perciliano, de 59 anos, passou na rodovia MS-335. O corpo de Raquel foi encontrado em uma vala no domingo (27), após ser jogado no local pelo amante, o qual prestou depoimento acompanhado de seu advogado e negou qualquer agressão à mulher, que morreu devido a um infarto durante a relação sexual. 

Conforme informações apuradas pelo Jornal Midiamax, o homem carregou Raquel no colo, após achar que ela estivesse morta, jogou-a em uma vala e colocou um tapete em cima do corpo. Ele teria rodado com o corpo de Raquel por cerca de 2 horas até a desova do corpo.  

Ainda segundo informações, após jogar o corpo na vala, o amante dirigiu até Campo Grande, onde entrou em contato com o advogado, e o profissional informou a polícia sobre o ocorrido. Entre o corpo jogado na vala e o acionamento da polícia, foram cerca de 5 horas, o que será também investigado.

O amante teria buscado Raquel próximo à antiga rodoviária e, depois, o casal foi para a rodovia manter relações sexuais, quando a mulher começou a passar mal. Conforme informado, este seria o segundo encontro de Raquel com o homem. 

A polícia ainda deverá pedir pela quebra do sigilo telefônico de Raquel, para saber dados de consultas médicas anteriores, e não descarta uma reconstituição do crime. Em maio, ela teria passado por uma consulta de rotina e estava afastada do trabalho. 

Amante pode ter jogado Raquel viva em vala
O delegado que atendeu o caso, Gabriel Desterro, disse ao Jornal Midiamax que Raquel tinha um galo em cima de um dos olhos, que acabou ficando roxo, e que este tipo de lesão só é provocado quando a pessoa está viva. “Ele disse que ficou sem saber o que fazer e rodou por cerca de 2 horas com o corpo no carro, até jogar em uma vala”, afirmou Desterro. O corpo foi jogado em uma vala de 70 centímetros, perto de um frigorífico.

O delegado revelou que o detalhe do galo em cima de um dos olhos mudou como o caso foi registrado, sendo inicialmente como ocultação de cadáver; mas, devido a este novo fator, o caso foi tipificado como homicídio culposo, quando não há intenção de matar. 

Testemunhas devem ser ouvidas na delegacia no decorrer da semana. Desterro ainda disse que o homem pode ter achado que Raquel estivesse morta e por isso a jogou em uma vala. Mas o delegado disse que os exames do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) confirmaram a morte de Raquel por infarto. “Se ele a tivesse levado e deixado no hospital, não teria sido autuado por homicídio”, disse o delegado.