Ajuda humanitária chega a Gaza, com disputa sobre corpos de reféns.

Caminhões de ajuda humanitária chegaram a Gaza nesta quarta-feira (15) e Israel retomou os preparativos para abrir a importante passagem de Rafah, após uma disputa sobre a devolução dos corpos de reféns mortos que ameaçava inviabilizar o frágil acordo de cessar-fogo com o Hamas.
Israel havia ameaçado manter Rafah fechada e reduzir o fornecimento de ajuda porque o Hamas estava devolvendo os corpos muito lentamente, mostrando os riscos de uma trégua que interrompeu dois anos de guerra devastadora em Gaza e libertou todos os reféns vivos mantidos pelo Hamas.
No entanto, o grupo militante devolveu mais corpos israelenses durante a noite.
Uma autoridade de segurança de Israel disse hoje que os preparativos estavam em andamento para abrir Rafah para os cidadãos de Gaza, enquanto uma segunda autoridade afirmou que 600 caminhões de ajuda entrariam.
O Hamas devolveu quatro corpos confirmados como reféns mortos na segunda-feira e outros quatro corpos no final da terça-feira (14), embora as autoridades israelenses tenham dito que um desses corpos não era de um refém.
A disputa sobre a devolução dos corpos ainda tem o potencial de perturbar o acordo de trégua, juntamente com outras questões importantes que ainda não foram resolvidas.
As fases posteriores da trégua exigem que o Hamas se desarme e ceda o poder, o que até agora se recusou a fazer.
O grupo lançou uma repressão de segurança, exibindo seu poder em Gaza por meio de execuções públicas e confrontos com clãs locais.
Os elementos de longo prazo do plano de cessar-fogo, incluindo a forma como Gaza será governada, a composição de uma força internacional que assumirá o controle da região e os movimentos em direção à criação de um Estado palestino, ainda não surgiram.
Vinte e um corpos de reféns permanecem em Gaza, embora alguns possam ser muito difíceis de encontrar ou recuperar devido à destruição durante o conflito. Uma força-tarefa internacional está empenhada em encontrá-los.
O acordo também exige que Israel devolva os corpos de 360 militantes palestinos mortos em combate. O primeiro grupo de 45 foi entregue na terça-feira e estava sendo identificado, disseram as autoridades de saúde palestinas.
Ajuda
A guerra causou uma catástrofe humanitária em Gaza, com quase todos os habitantes expulsos de suas casas, com palestinos passando grave situação de fome no enclave e as autoridades de saúde sobrecarregadas.
Um vídeo da Reuters mostrou um primeiro grupo de caminhões se deslocando do lado egípcio da fronteira para a passagem de Rafah na madrugada desta quarta-feira, alguns caminhões-tanque transportando combustível e outros carregados com caixas de ajuda.
No entanto, não ficou claro se esse comboio completaria a travessia para Gaza como parte dos 600 caminhões que deveriam entrar no enclave hoje – o contingente diário completo exigido pelo plano de cessar-fogo.
Caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza por outras passagens.
"A ajuda humanitária continua a entrar na Faixa de Gaza através do cruzamento Kerem Shalom e outros cruzamentos após a inspeção de segurança israelense", disse um oficial de segurança israelense.
A emissora pública israelense Kan informou que as entregas de ajuda nesta quarta incluiriam alimentos, suprimentos médicos, combustível, gás de cozinha e equipamentos para reparar a infraestrutura vital.
Ressaltando os desafios políticos enfrentados pela trégua, o ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, de extrema-direita, um oponente do plano de cessar-fogo, disse no X que a entrega de ajuda era uma "desgraça".
"O terrorismo nazista só entende a força, e a única maneira de resolver os problemas com ele é eliminá-lo da face da terra", acrescentou, acusando o Hamas de mentiras e abusos sobre a devolução dos corpos dos reféns.
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