Delegada afirma que o termo antigo: “Não meter a colher” foi criado para proteger homens e evitar denúncias.
Os dois assassinos presos em Campo Grande por matarem suas esposas repetiram o padrão dos feminicídas e agressores: culparam o comportamento das vítimas como justificativa para cometer os crimes.
Preso na segunda-feira (7), o militar da Base Aérea, Tamerson Ribeiro Lima de Souza, 31 anos, matou a esposa Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, 22 anos, com um mata-leão.
Em depoimento ele tentou justificar o injustificável, e disse que matou porque a vítima chegou em casa bêbada de madrugada. A covardia de Tamerson foi ao mais baixo nível, e como morto não fala, ele disse que Natalin saia com frequência, usava cocaína, não cuidava da filha dela de 4 anos, agredia a menina com cinto e sempre iniciava as agressões físicas contra ele.
No mesmo sentido, outro feminicida, Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, preso por torturar e matar a esposa, Francielle Guimarães Alcântara, de 36 anos, por 20 dias na casa localizada no Jardim Caiobá em Campo Grande, disse que matou porque foi traído.
A delegada responsável pelo caso de Tamerson, Dra. Ana Paula indicou que o casal brigava pelo comportamento fora do padrão imposto pela sociedade. O feminicida, agora tenta desclassificar a esposa.
“Quando, a mulher foge do comportamento padrão que é imposto pelo machismo, isso é usado como justificativa desses indivíduos que cometem o feminicídio.
Quando a mulher se comporta como um homem, que sai, vai ver as amigas, eles usam isso como defesa. Essa é a máxima criada pelo patriarcado é para defender os homens, inclusive esse número horroroso que estamos tendo de mortes hoje é fruto disso.”
De acordo com a delegada responsável pelo caso de Adailton, Dra. Maira Pacheco Machado, os dois crimes foram baseados na culpa da vítima.
“Nada justificaria os dois casos e essa atitude. Eles atribuem firmemente na culpa das esposas e é essa a questão do machismo estrututal. Para eles, esses comportamentos são motivos para matar. Sair de casa, ver amigas, uso de roupas, o alcoolismo ou mesmo a traição é justificável ao feminicídio para eles.”
“E o pior nestes casos, é que os autores geralmente ficam tranquilos quando presos porque se acham no direito de matar a mulher”, concluiu a delegada.
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