Enquanto a taxa de homicídios de não negros diminuiu 22% em 10 anos, a de assassinatos de negros teve queda de 9,7%

A cada 100 pessoas assassinadas em MS, 58 são negras, mostra pesquisa
Tecido ensaguentado em meio a cacos de vidro, em local de homicídio no ano de 2015. / Foto: Marcelo Calazans/ Arquivo

Jovens negros do sexo masculino continuam sendo assassinados todos os anos como se vivessem em situação de guerra no Brasil. Do total de pessoas assassinadas durante dez anos em Mato Grosso do Sul, 58,1% eram negras.

As estatísticas ainda mostram a vulnerabilidade da população negra. Os dados constam no Atlas da Violência 2017, divulgado na segunda-feira (05) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

De acordo com o levantamento, 4.316 mil negros foram assassinados em Mato Grosso do Sul entre os anos de 2005 e 2015. O número total de homicídios no período foi de 7.424.

Em 2015, das 634 pessoas assassinadas, 405 eram negras. Outro indicador que mostra a desigualdade racial de vulnerabilidade à violência é a variação da taxa de homicídios. Enquanto a taxa de assassinatos entre não negros caiu 22%, entre 2005 e 2015.

No mesmo período, an taxa de negros vítimas de homicídios também teve queda, mas apenas de 9,7%.

Discrepância maior é vista entre as mulheres brancas e negras. Em dez anos, a taxa de homicídios de mulheres não negras caiu 47,7%. Já o mesmo número quanto as mulheres negras teve queda de apenas 4,6%, o que mostra uma desigualdade de 41,1 % entre os dados.
Corpo sendo colocado em carro de funerária após homicídio praticado em junho de 2015. (Foto: Marcos Ermínio)
Brasil – No país, a situação não é diferente. Conforme relatório do Atlas da Violência 2017, de cada 100 pessoas que sofrem homicídio no Brasil, 71 são negras.

Mais do que isso, a estimativa é que um cidadão negro possui chances 23,5% maiores de ser assassinado em comparação com cidadãos de outras raças/cores – isso já descontando diferenças de idade, sexo, escolaridade, estado civil e bairro de residência.

A mesma discrepância racial se expressa na população jovem – enquanto o número mortes de jovens negros cresceu 18,2%, o número de jovens brancos mortos diminuiu 12,2%.

Com relação a mortes violentas de mulheres, entre 2005 e 2015 ocorreu um aumento de 22% no índice de mortalidade de mulheres negras, enquanto o número de mortes de mulheres não negras caiu 7,4%.

Atlas da violência - O levantamento analisa as taxas de homicídio no país e detalha os dados por regiões, unidades da Federação e municípios, contemplando cidades com população superior a 100 mil habitantes.

Considerando estatísticas do SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade), do Ministério da Saúde, e informações de registros policiais, o estudo mostra a relação dos municípios mais violentos do país, de acordo com as mortes por agressão e MVCI (Mortes Violentas por Causa Indeterminada).

Entre os anos de 2005 a 2015, de um total de 304 municípios, a prevalência de homicídios, numa tabela crescente, projeta Corumbá para a 149ª posição, Dourados para a 129ª, Campo Grande 107º lugar e Três Lagoas ocupando a 89ª posição.

Com a soma da taxa de homicídio e MVCI, num período de 10 anos, Corumbá registrou 31,3, Dourados 28,2, Campo Grande 23,4 e Três Lagoas 21,1.