Violência sexual começa dentro de casa em 80% dos casos
Equipes do Creas e Comsex explicaram a adolescentes a diferença entre amizade e assédio sexual, ontem, durante evento em Dourados

Mais de 80% dos abusos sexuais cometidos contra crianças e adolescentes acontecem dentro da casa da própria vítima. A estimativa é do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Dourados. Para chamar a atenção sobre o caso, um trabalho de visita aos bairros alerta a população a denunciar sobre os abusos.

Em alusão ao "Dia Estadual de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes" (6 de outubro), uma força tarefa envolvendo vários órgãos como a Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast) em parceria com o Comitê Estadual de Enfrentamento da Violência e de Defesa dos Direitos Sexuais de Crianças e Adolescentes (Comcex/MS) e o Creas promoveu atividades em várias cidades do Estado.

Em Dourados, equipe do Creas e do Comcex percorreu ontem os bairros Cachoeirinha, Parque do Lago, Canaã I e o distrito de Itahum. Foram visitados escolas, postos de saúde e residências. A coordenadora do Creas, Daniele Vieira, diz que as ações tendem a se expandir para os bairros, para chamar mais a atenção da população, diferentemente das que são realizadas no centro da cidade. A proposta é atingir o maior número de pessoas.

Nas escolas foram realizadas palestras onde foi explicada a diferença entre amizade e assédio sexual. "Muitos adolescentes não sabem diferenciar isso", frisa Daniele. Há casos, segundo ela, em que o agressor se aproxima dando presentes na tentativa de conquistar a amizade e depois parte para o assédio, através do toque no corpo. "É preciso entender que não há amizade entre criança e adolescente e uma pessoa com idade mais avançada", alerta.

O assédio também está presente no mundo virtual, principalmente com a exposição de imagens. De uns tempos para cá o número de denúncias têm aumentado. Daniele acredita numa maior conscientização. "Essas denúncias podem ser feitas de forma anônima e há uma rede de órgãos que podem investigar e trabalhar com essa questão, que além de envolver a vítima também atinge toda família", explica a coordenadora.

Em menor número são denunciados os casos de exploração sexual, aqueles em que há fins comerciais e lucrativos. Esses casos são mais difíceis de serem descobertos, devido a participação de adolescentes na prostituição. Diferentemente do abuso sexual, a prática de atos sexuais com crianças ou adolescentes são seguidos de violência ou ameaças. O abuso sexual pode ser caracterizado por crimes de estupro e atentado violento ao pudor. Ambos são considerados pela lei como hediondos e têm as penas de seis a dez anos de reclusão.