Em cinco anos, vereadores votaram apenas uma prestação de contas de Henrique Budke

Os vereadores de Terenos se esquivaram sobre perguntas em relação à aprovação das contas do prefeito eleito, Henrique Budke (PSDB) — preso em investigação contra corrupção. Ao Midiamax, deram várias justificativas: “jurídico viu que poderia aprovar”, “ninguém imaginava” e que “a Câmara nem desconfiou”.
Contudo, parecer técnico do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul) apontou irregularidades nas contas e sugeriu a desaprovação das mesmas, por dois anos.
Apenas um exercício financeiro do Executivo passou por votação na Câmara de Terenos. Em cinco anos de mandato, apenas um dos dois pareceres do TCE-MS entrou na pauta dos vereadores.
DESCUBRA – Quem é Henrique Budke, prefeito do PSDB preso por fraude de licitação em Terenos
O Jornal Midiamax esteve presencialmente para sessão ordinária da segunda-feira (15), a primeira após operação na cidade. Os vereadores de Terenos alegaram ‘surpresa’ com as prisões e investigação contra corrupção.
‘De olhos fechados’
O presidente da Câmara, Leandro Caramalac (PSD) , se limitou a informar que confiaram no jurídico da Casa para analisar documento encaminhado pela própria Prefeitura. “A prefeitura com o jurídico dela mandou para nós e nosso jurídico com a contabilidade viu que poderia aprovar”, disse o presidente da Câmara.
Já o vereadora Márcio Andrade de Rezende (Podemos), disse que “Ninguém imaginava que era tudo isso” de irregularidades. Assim, destacou que existiu “uma defesa da prefeitura. Eram problemas com datas, com documentos”.
No entanto, deixou a responsabilidade aos colegas antecessores: “esse problema foi do mandato passado”, disse Márcio.
Não desconfiaram, diz vereador
“A Câmara não desconfiou que tinha algo errado em relação às contas”, disse o vereador Silvio Figueiredo (PSDB).
Enquanto isso, José da Silva – o Zé Paraíba (PP) – admitiu que não analisaram o parecer. “Dentro do que foi feito com as assessorias jurídicas foi falado que eram apenas documentos. Não era nada exorbitante, por isso não entramos na questão”, justificou.
Além disso, lembrou que “antes o TCE fazia as contas e reprovava, mas de uns anos para cá estão encaminhando para as Câmaras”.
No primeiro mandato, Wilson Miguel do Carmo (MDB) disse que não acompanhou os trabalhos. “Eu estou no meu primeiro mandato. Não acompanhei as contas antigas. Não tenho como saber”, afirmou.
Votação
Na única vez que votaram a prestação, os vereadores do município — a 30 quilômetros de Campo Grande — aprovaram as contas e rejeitaram o parecer do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul).
Henrique Budke está preso desde 9 de setembro, data de deflagração da Operação Spotless. Além disso, outras 13 pessoas estão presas após as investigações.
O vice-presidente da Casa de Leis, Henrique Renovo (Podemos), afirmou que apenas as contas de 2021 passaram pelo plenário. “Na verdade, as únicas contas que vieram para a Câmara foram as que o Tribunal de contas mandou”, disse ao Jornal Midiamax.
No portal da Câmara de Terenos, no setor de buscas por decretos legislativos, apenas um documento aparece sobre prestação de contas do Executivo: o de 2021. Contudo, mesmo com parecer do TCE-MS contrário à aprovação, os vereadores aprovaram as contas da Prefeitura.
Questionado sobre a votação de outros anos, Renovo reforçou que votaram apenas uma conta desde a eleição. “Não votamos, até agora a que foi votei contra”, destacou.
O vereador entrou para o Legislativo no mesmo ano em que o prefeito do PSDB assumiu o Executivo. Logo, acompanhou da Câmara todos os anos de mandato de Henrique.
No mesmo período de gestão do PSDB, apenas duas prestações foram analisadas pela Corte. As contas dos exercícios de 2021 e 2022 receberam parecer prévio contrário à aprovação. Ou seja, o TCE-MS reprovou as contas.
Olá, deixe seu comentário!Logar-se!