Orientação de economistas é consumir dos pequenos comerciantes .

Vendas do comércio caíram pela metade

Ruas vazias, comércio parado e um clima de tensão e medo que assola a população de Mato Grosso do Sul. A pandemia do novo coronavírus já fez vítimas no Brasil e deixa a maioria das pessoas apreensiva. Pesquisa da Federação de Comércio de Mato Grosso do Sul (Fecomércio-MS) já aponta que as vendas, de um modo geral, caíram em média 50%. Mas alguns segmentos registram de 70% a 90% de perdas com as mudanças de comportamento dos consumidores.

A economista do Instituto de Pesquisa da Fecomércio Daniela Dias explica que a repercussão, assim como os números, mudam diariamente. “Podemos dizer que a cada dia temos um cenário completamente diferente do outro acerca dos impactos no comércio. A gente tem estabelecimentos falando em quedas de 50% a 70%. São valores bastante representativos. Quando a gente fala especificamente de alimentação fora do domicílio, tem locais falando em quedas de até 90%. Tem segmentos, como o de beleza e eventos, que não têm mais receita no momento, parou completamente”, considera a economista.

De acordo com o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, os impactos na economia serão expressivos. “Além de óbitos em decorrência da doença, há também o risco de muitos negócios fecharem suas portas. Precisamos unir forças e criar estratégias para superar. Todos os governos terão que ter medidas em prol dos empresários, pois estamos enfrentando momentos de paralisação da atividade econômica e isso terá grande impacto na vida das pessoas”, destaca.

O setor supermercadista percebeu uma corrida para estocar alimentos. Durante esta quinta-feira, era possível encontrar grandes filas em redes atacadistas. “A gente percebeu uma corrida das pessoas aos supermercados com medo de acabarem os mantimentos. De acordo com a Associação dos Supermercados, não existe a possibilidade disso acontecer, mas eu devo dizer que as compras devem ser sensatas e conscientes, em meio a uma questão mais emergencial que possa acontecer. Esses mantimentos que forem comprados muito por uns faltarão para outros. Outro aspecto, que é o aumento da inflação: com o aumento da procura, temos a falta de alguns produtos, que consequentemente aumentam o preço. Além desse aspecto um pouco mais consciente, temos que lembrar que alguns produtos voltados à higiene, que os hospitais precisarão em maior escala”, reforçou Daniela Dias.

SOLUÇÕES

Em MS, 95% do potencial econômico é representado por micro, pequenos e médios negócios. São mais de 70 mil empresas nestas categorias, com atividades voltadas principalmente para o comércio e o setor de serviços. Em momentos de crise econômica, essas também são as primeiras a serem afetadas.

Entre as estratégias para sofrer menos com os impactos, a economista indica o delivery, além do aumento do consumo nos pequenos negócios para evitar que estes quebrem. “Tudo vai depender de qual estratégia esses empresários vão adotar. Tem alguns investindo em entregas, por exemplo – que não seja necessariamente de alimentos. É preciso fortalecer esses comércios menores, que têm mais dificuldade de sobrevivência no longo prazo diante de uma crise”, explicou Daniela. 

A Semagro alerta para a importância da manutenção dos pequenos negócios que, além de movimentarem a economia, são grandes responsáveis pela geração de empregos e renda às famílias. “Os pequenos negócios são essenciais para a economia do Estado e, principalmente, para a manutenção de muitas famílias. Diante da pandemia do coronavírus, queremos incentivar as pessoas a recorrer ao comércio do bairro. A tecnologia é uma aliada para os pedidos via WhatsApp, telefone ou redes sociais e pode auxiliar neste momento”, afirmou o secretário Jaime Verruck. 

HABITO

Dados levantados pelo IPF-MS apontam que os idosos não deixaram de consumir nas lojas físicas. Economista alerta que, como fazem parte do grupo de risco, eles devem evitar deslocamento desnecessário.