Veja como funciona o OnStar, "assistente pessoal" da Chevrolet
Sistema OnStar, da GM. / Foto: Divulgação

A Chevrolet acaba de trazer ao Brasil um sistema que promete ajudar o motorista nas situações mais variadas do dia a dia.

Espécie de "assistente pessoal", como a Siri, nos aparelhos da Apple, o OnStar permite monitorar o veículo a distância, travar ou destravar as portas pelo celular, reservar restaurantes, marcar horário no salão de beleza, se informar das notícias do dia e até saber o horóscopo.

Ele estreia na linha 2016 do Cruze - hatch e sedã - que estará nas lojas a partir da segunda quinzena de outubro, ainda sem preços. O sistema será gratuito por 1 ano, em todas as versões do modelo. Depois, será cobrada assinatura, em valor que a General Motors também não definiu ainda.

O recurso não é totalmente novo. O próprio OnStar existe há 19 anos nos Estados Unidos, mas sem o serviço de "concierge", de assistente pessoal.

Outras marcas, como a Volvo e a BMW oferecem serviços parecidos. A diferença é que, no Cruze, esta tecnologia chegará pela primeira vez em um veículo que pertence a uma faixa de preço mais acessível. Apesar de a montadora ainda não ter divulgado os preços da linha 2016, o sedã 2015 parte da faixa dos R$ 70 mil.

Como funciona
O princípio de funcionamento do OnStar é todo baseado no espelho interno do veículo. Lá, há três botões. O da esquerda serve para atender ligações da central. O do meio, azul, serve para solicitar serviços de assistência, enquanto o da direita, vermelho, é para emergências.

Todas as ligações são feitas por uma linha própria. Há um chip instalado na base do espelho. De acordo com a GM, a operadora escolhida foi a Claro, por possuir melhor abrangência em território nacional. Não há custos extras com ligações para o usuário.

Além do espelho, o motorista pode acessar as funcionalidades por um aplicativo para celulares e através de um website. A melhor forma de explicar cada uma das funcionalidades é dividindo em três pilares: segurança, emergência e comodidade.

Segurança
Para os mais distraídos, é possível travar ou destravar o veículo a distância, pelo celular. Se o motorista esqueceu onde estacionou, ainda dá para acionar buzina e luzes, para auxiliar na “caçada”.

O OnStar dá “aquela força” também para os pais que, quando emprestam o carro para o filho, ficam com o coração na mão. É possível monitorar a rota do veículo, e gerar um aviso assim que o carro chegar ao destino programado. Se o veículo sair da rota, a central também entra em contato com o motorista, para checar se está tudo bem.

Agora, se o motorista não se sente seguro durante a viagem, ele pode pedir que a central de atendimento entre em contato com o veículo em intervalos pré-determinados.

Se a desconfiança surgir em outras ocasiões, dá para programar alertas de movimento e velocidade. Ao programa-los, o motorista será notificado se o carro se mover mais de 5 metros ou exceder a velocidade programada previamente.

Porém, se houver uma tentativa de furto, a central irá avisar o dono imediatamente. Ele será orientado para que não interfira na ação, o que pode lhe custar a vida. Se o ladrão conseguir levar o automóvel, a central irá rastrear, e pode ajudar na recuperação.

Neste caso, o cliente deve avisar a polícia. Enquanto isso, a central irá reduzir gradativamente a velocidade do veículo, de modo que, conforme o ladrão diminui a velocidade, esta passa a ser a máxima. Quando ela chega a 0 km/h, o carro não sai mais do lugar.

Emergência
Em casos de acidente, o OnStar tem funcionamento semelhante a outras tecnologias já disponíveis no Brasil, como o Assistente de Emergência da Ford. No caso do sistema da GM, quando os airbags são deflagrados ou há acionamento do pré-tensionador dos cintos, o sistema percebe que houve um acidente.

Imediatamente, uma ligação da central para o veículo é efetuada. Se os ocupantes estiverem em condições, eles conversam com a atendente e decidem o melhor a fazer. Caso haja ocupantes inconscientes, a chamada para o resgate é imediata.

A GM firmou parceria com o Samu, e nas cidades onde há este tipo de atendimento, ele é acionado. Nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, já foi fechada parceria com os Corpos de Bombeiros locais, enquanto em rodovias privatizadas, a concessionária responsável é contatada.

Se a emergência for de menor gravidade – panes em geral ou pneus furados, por exemplo, a função SOS também pode ser acionada. Neste caso, a central transfere o cliente para a Road Service, central da Chevrolet responsável por auxiliar os clientes.

Comodidade
No leque de serviços de comodidade, é possível fazer quase tudo. Com um toque no botão central do espelho, é possível pedir informações sobre previsão do tempo, notícias do dia, cotação de moedas estrangeiras, resultados de uma partida de futebol e, se o cliente for supersticioso, até o horóscopo do dia.

Também dá para reservar mesas em restaurantes, quartos de hotel, horários em salões de beleza e até cotar preços de hospedagem e passagens daquela viagem das férias. Nestes casos, segundo a GM, os atendentes foram treinados para buscar informações nos sites referência nas áreas de atuação.

O fato é que é possível “se divertir”, perguntando sobre os mais variados assuntos aos atendentes. Outras opções, “mais sérias”, são de solicitar rotas, pedir indicações de pontos turísticos e também ser alertado se o veículo está no dia de rodízio, e caminhos para não ser pego – este último caso, apenas para São Paulo.

É eficiente?
No lançamento do OnStar, a Chevrolet promoveu um curto test-drive no Cruze. Durante o percurso, de cerca de 30 km pelas ruas de Campinas, a maior parte dos recursos foi testada.

Foram cerca de 10 ligações para a central, pedindo coisas das mais variadas, como horóscopo do dia, cotação do euro, e em seguida, endereço de casas de câmbio próximas, principais notícias do momento e até as principais atrações da cidade.

Além disso, foi solicitado que um número de celular fosse avisado assim que o veículo chegasse ao destino final. Em uma parada, foi possível testar o aplicativo, que funcionou a contento, ao alertar que o veículo havia se movimentado e excedido os 30 km/h programados pelo usuário.

Sempre que a central foi contatada, os atendentes foram solícitos e eficientes – a espera nunca foi maior do que 15 segundos, abaixo até do limite estabelecido pela GM, de 20 segundos.

Quanto custa?
Após conhecer todas as funções, os interessados já devem estar preparando a calculadora para ver se o OnStar vale a pena. Aí vem a boa notícia. O sistema estará disponível em todas as versões do Cruze 2016.

A notícia nem tão boa é que ele será gratuito apenas no primeiro ano. Após isso, a marca irá cobrar a assinatura. Porém, a GM ainda não definiu valores, e sequer como será a cobrança – mensal ou anual.

“Vamos estudar o retorno de nossos clientes, e em três ou quatro meses, divulgaremos o plano de assinatura. Mas acreditamos que ficará na média de um serviço de rastreamento, na casa dos R$ 70 ou R$ 80 mensais”, afirmou Alexandre Guimarães, diretor de engenharia eletro-eletrônica da GM.

'Por trás' do espelho
O que o cliente não vê, é uma grande estrutura de atendimento. A marca não revela quantos atendentes há trabalhando na central, que fica em São Paulo, mas estima que o número irá crescer, conforme a tecnologia comece a ser oferecida em outros veículos.

Até o início das operações, foram seis meses de testes, com mais de 30 veículos utilizando exaustivamente os seviços OnStar. Os atendentes também receberam treinamento específico. Cada um possui em sua mesa, dois monitores, um com os dados do cliente, e outro com um roteiro de atendimento.

Mesmo sendo uma novidade no país, o OnStar existe nos Estados Unidos há 19 anos. Todo o conhecimento da matriz, que já atendeu a mais de 1 bilhão de ligações foi utilizado na implantação do sistema no Brasil.

Porém, para cá, a ideia é oferecer serviços exclusivos. “O Concierge será algo único no mundo. Tanto que, podemos considerar nosso OnStar o mais completo do mundo”, comenta Guimarães.

Apostar em um novo serviço, e trazê-lo de forma exclusiva para o Brasil, pode ser uma tentativa da GM de "desmentir" uma pesquisa feita pelo instituto JD Power nos Estados Unidos. O estudo mostrou que o serviço de conectividade menos usado pelos clientes é o de concierge, com apenas 57% de utilização.

Conclusão
Apesar de interessante, a solução oferecida pela GM não é a primeira do gênero no país. A BMW disponibiliza um serviço de Concierge para os modelos equipados com o ConnectedDrive, vendido como opcional em alguns modelos. A Volvo tem o On Call, oferecido em todos os modelos, gratuitamente nos dois primeiros anos. Após este período, há uma cobrança anual de R$ 1.249 para quem optar.

Na comparação com o OnStar, a tecnologia da Volvo não oferece o Concierge. Entre os destaques, estão as funções de travar, destravar e ligar o ar-condicionado remotamente, além do serviço de auxílio ao motorista em acidentes e roubos.

De qualquer forma, a iniciativa da GM deve ser ressaltada, pois é mais completa do que as “concorrentes”. Melhor ainda que chega em uma marca generalista, logo de cara em um modelo bem mais barato do que qualquer BMW ou Volvo.

Se a promessa da GM for mantida, e o OnStar chegar em mais modelos, melhor ainda. Será um passo importante para que os carros sejam cada vez mais conectados ao motorista e seus gostos.