Essa ação se iniciou no dia 2 deste mês e já é possível projetar a efetividade nos números da Covid, principalmente em Dourados, que atende a uma macrorregião que engloba muitos dos municípios contemplados.

Vacinação em massa na fronteira terá forte impacto na saúde de Dourados

O estudo científico que promoveu vacinação em massa na região de fronteira de Mato Grosso do Sul deve ter um grande impacto nos índices da Covid em Dourados e no Estado, conforme autoridades e especialista ouvidos pelo Dourados News.

A aplicação de dose única de vacina da Janssen alcançou a população a partir de 18 anos em 13 cidades: Mundo Novo, Japorã, Sete Quedas, Paranhos, Coronel Sapucaia, Aral Moreira, Ponta Porã, Antônio João, Bela Vista, Caracol, Porto Murtinho, Corumbá e Ladário. Essa ação se iniciou no dia 2 deste mês e já é possível projetar a efetividade nos números da Covid, principalmente em Dourados, que atende a uma macrorregião que engloba muitos dos municípios contemplados.

“A vacinação em massa favorece para o não adoecimento da sociedade local e Dourados, por sede macro em relação a atendimento da alta complexidade, como é o caso dos leitos de UTI [Unidade de Terapia Intensiva], acaba não sendo sobrecarregada no quesito internação. Como também há o fluxo de pessoas desses municípios no comércio daqui, o que propicia a entrada da doença através de pessoas contaminadas, que acaba por ser bloqueada”, explicou o secretário municipal adjunto de saúde de Dourados, Edvan Marcelo Morais Marques.

Após um período de lockdown de 14 dias realizado entre 31 de maio e 12 de junho e também com o avanço da vacinação, que até a data de hoje já alcança por faixa etária pessoas a partir de 29 anos, a maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul tem queda diária na média dos números da Covid.

Os leitos de UTI, que anteriormente não davam conta do atendimento de pacientes da cidade e de outras localidades, atualmente estão em média de pouco mais de 50% de ocupação.

A estimativa da Secretaria Municipal de Saúde é de que até a primeira quinzena de setembro toda a população apta esteja vacinada ao menos com a primeira dose.

‘Cinturão’ de bloqueio a novas variantes

Após a aplicação da dose única, há um período de 15 dias para que, de fato, a população complete o ciclo de imunização e o impacto positivo se materialize em números. O estudo científico faz parte de uma iniciativa internacional que pretende estimar a efetividade de um regime de dose única na redução de riscos de forma sintomáticas, graves e óbitos por Covid-19.

Integrante do estudo, o médico infectologista e pesquisador da Fiocruz, Júlio Croda, falou com o Dourados News sobre essa projeção de impactos na rede hospitalar e no andamento da pandemia em si.

Conforme o especialista, o ‘cinturão’ de bloqueio na região de fronteira foi pensado, também, para conter a disseminação de novas variantes que pudessem impactar nos efeitos da vacinação que está em andamento.

“A decisão técnica pela vacinação em massa na região de fronteira tem como base de estudo também o bloqueio à entrada de novas variantes no Estado, já que o fluxo de pessoas indo e vindo nessas cidades da região é bastante grande diariamente. A ideia de criar um cinturão de proteção nessas localidades vai impactar em quedas ainda maiores das que já vemos aqui no Estado. Até o fim do ano, se não tivermos introdução de novas variantes, pode ser que tenhamos uma tendência de queda e efetivo controle da doença. Isso considerando até 95% de toda população do Estado vacinada”, avaliou.

No entanto, o especialista destacou que vacinação e medidas de proteção precisam caminhar juntas para um verdadeiro horizonte de controle da pandemia e vida próxima do ‘normal’. Ele citou Dourados, que aplicou lockdown e hoje vê os números em franca queda, como um exemplo de resultado.

“Em Dourados houve uma redução ainda maior nos números da Covid-19 principalmente por causa do lockdown, da aplicação de medidas restritivas. Comparado a Campo Grande no que diz respeito a vacinação, o andamento foi em um ritmo bem próximo. Mas, Dourados aplicou medidas mais restritivas e isso reflete em uma aceleração de efeitos positivos que é o que estamos vendo hoje”.

MS já tem uma queda de 70% em média nos números da Covid

O secretário estadual de saúde de Mato Grosso do Sul, Geraldo Resende, destacou que o impacto dessa vacinação em massa nos municípios de fronteira serviu a todo Mato Grosso do Sul e não somente a esses locais. 

“Acertamos em cheio em solicitar esse estudo científico para essa região. Atualmente o raciocínio do cenário atual é de que tivemos sim um decréscimo abrupto da doença e de seus índices, em uma junção de decretos e medidas restritivas que propomos e também com o avanço da vacinação. Vamos fazer uma avaliação mais ampla após todas as cidades da fronteira chegarem a um índice de cobertura de 90% na vacinação, mas foi uma medida de extrema importância nesse momento”.

Mato Grosso do Sul é o Estado no país que ocupa o primeiro lugar no ranking de aplicação de doses de vacina contra a Covid-19.

Geraldo destacou ainda a queda de mais de 70% nos números da pandemia, o que deve ser ainda maior com essa vacinação em massa na fronteira e o avanço da vacinação nos demais municípios do Estado.

“Até 35 dias atrás tínhamos em média registro de 2 mil casos por dia e hoje essa média está em 700. Em 8 de junho o nosso montante de internações em leitos de UTI e clínicos era de mais de 1,3 mil pacientes Covid e atualmente estamos na casa dos 660. Em relação às mortes, tínhamos uma média de 60 por dia e hoje estamos em 20. Nossa meta é de que em Agosto estejamos já com mais de 80% da nossa população vacinada ao menos com a primeira dose e que também possamos avançar rapidamente na aplicação de segunda dose para um cenário ainda melhor”.