Neste ano, o CCZ já recolheu 2.254 animais na rua.

 Vacina, microchip e castração: Confira as responsabilidades dos tutores com os animais
Abandonar ou deixar o animal solto na rua é considerado infração. / Foto: Marcos Ermínio

No começo do mês, o caso da morte de um cachorro vira-lata no supermercado Carrefour em Osasco, São Paulo, comoveu todo o país e levantou o debate não só sobre os maus-tratos aos animais, como também para a responsabilidade dos tutores e o abandono. Neste mês, acontece o Dezembro Verde, que busca combater os abusos contra animais.

Um exemplo da falta de responsabilidade dos tutores de animais é o abandono ou mesmo o ato de deixá-los soltos na rua. Até o mês de outubro, o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses de Campo Grande) recolheu 2.254 animais que estavam na rua. De acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), deixar o animal solto na rua já é considerado infração e o tutor, quando identificado é advertido.

Se um animal é encontrado solto na rua, pode ser capturado pelo CCZ e resgatado pelo tutor só após pagamento de taxa. O prazo máximo para o resgate do animal é de três dias úteis. “Para cada dia que o animal ficar sob a responsabilidade do CCZ, será cobrado uma taxa de para cobrir os custos pela manutenção no animal no local. Se um dia, R$ 33,73; dois dias R$ 35,71; e, três dias R$ 37,69”, afirma.

Agora, se o animal solto em vias públicas morder pessoas ou outros animais, o proprietário somente pode resgatá-lo diante do pagamento de 10 vezes o valor total das taxas referente a permanência no CCZ e a taxa de microchipagem. “Caso a posse não seja reclamada, o CCZ pode colocar o animal para adoção de outras pessoas, de entidades de proteção animal ou doação para instituições de ensino e pesquisa”.

Além disso, quem tem um bichinho tem outras responsabilidades, como manter a vacinação do animal em dia e dar condições ideias de cuidado e um local adequado. Caso contrário, os donos podem responder processo administrativo por cometerem infração prevista na legislação municipal.

O que você precisa saber antes de ter um bichinho
Ter um animal, seja gato, cachorro ou qualquer outro bichinho, requer responsabilidade e condições adequadas para criá-lo. Maria Lúcia Metello fundou o Abrigo dos Bichos em 2001 e, em todos estes anos de ativismo pelos animais, já viu muita irresponsabilidade por parte dos tutores. Ela afirma que as principais denúncias que recebe são contra os próprios donos.

“Eles fazem certas coisas e não percebem que é uma falta de compaixão, eu não sei por que estas pessoas pegam os animais. Tem muita denúncia de animais mal acondicionados, que ficam amarrados ou presos em um local apertado. Se não tem cerca ou muro, pra quê ter um animal?”, questiona.

Para ela, muitas vezes os tutores não sabem sobre suas responsabilidades com os bichos. O principal alvo das denúncias, o ato de deixar o animal preso, pode causar traumas no animal, como psicopatias e estresse. “Aí ele acaba mordendo os outros, ele não está bem pela falta de cuidados adequados”.

Maria Lúcia listas o que as pessoas precisam refletir antes de comprar ou adotar um animalzinho. Antes de qualquer coisa, a pessoa precisa realmente gostar de animais e entender que eles requerem cuidados, como uma criança. Mesmo filhotes, há gastos não só com a comida, como para ir ao veterinário e medicamentos. Além disso, um outro cuidado essencial, mas que muitas vezes é ignorado é o passeio diário.

Vacinação, vermifugação e castração também são essenciais, alerta Maria Lúcia. “É preciso castrar, mesmo que só tenha um animal em casa. Às vezes entra um animal de fora ou o portão fica aberto, aí o que acontece é uma nova ninhada, o que contribui para o abandono e superpopulação dos animais”.

Fundadora do abrigo, Maria Lúcia relembra o caso mais chocante em anos de trabalho com os animais. Uma cadelinha da raça poodle foi maltratada pelo tutor e encontrada magra, com os dentes podres, com o pelo todo emaranhado e com larvas nos olhos. “O dono, além de não alimentar, ainda violentava a cachorrinha. Todos na clínica ficaram muito chocados com o estado dela e ela não confiava mais no humano. Conseguimos recuperar, cuidar dela e ainda foi adotada, teve uma vida de rainha”, celebra

Como registrar o animal?
O RGA (Registro Geral de Animais) foi regulamentado por lei e determina que é obrigatório o registro de cães e gatos em Campo Grande. O registro é feito no CCZ e cada animal possui um número exclusivo.

Para a confecção do RGA e implantação do microchip nos animais, os proprietários devem procurar o CCZ com os documentos pessoais, comprovante de endereço e carteira de vacinação do animal. O Centro de Zoonoses recolhe a taxa de R$15, que inclui o valor do dispositivo.

Assim, se um animal for capturado ou levado até CCZ, o órgão verifica o número de registro e notifica o tutor, a fim de resgatá-lo. “A Carteira do RGA deve ficar de posse do proprietário, devendo ser apresentada sempre que solicitada pelas autoridades, a fim de comprovação da posse e identificação por meio da microchipagem”, afirma a Sesau.

O CCZ funciona das 7h às 21h de segunda a sexta e aos sábados, domingos e feriados abre 1h mais cedo, às 6h.