O que antes era trote violento no entorno, com notícia de muita bebedeira e jovens feridos, se tornou uma grande acolhida, no 1° dia de aula, em MS.

Universidade acaba com
Reitor e professores usaram roupas diferenciadas para receber novos e antigos alunos / Foto: Junner Schimdt/Arquivo Pessoal

Os totens de super-heróis, espalhados pelos corredores da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), na manhã desta terça-feira (5), em Campo Grande, já anunciavam uma aula diferente, no início do ano letivo de 2019. O que antes era trote violento no entorno, com notícia de muita bebedeira e jovens feridos, se tornou uma grande acolhida. De professores a calouros, muitos "entraram no clima" e usaram roupas de cosplay.

"Esta é uma grande proposta, em que acabamos com o espírito de vingança que existia, quando um calouro passava pelo trote nos arredores da universidade e, em seguida, fazia o mesmo com novos alunos, no ano seguinte. Estamos na 4ª edição do evento, que envolveu os veteranos, funcionários e até mesmo os comerciantes, que nos apoiam não abrindo hoje ou então não vendendo bebida alcoólica neste dia", afirmou ao G1 o reitor, padre Ricardo Carlos.

O tema de super-heróis, ainda de acordo com Ricardo, foi escolhido após votação, em outubro do ano anterior. O colaborador Jeferson Wolff, de 41 anos, que atua na área do marketing, diz que é muito fã do wolverine e então preparou a roupa do personagem para o evento.
 
"Sou muito fã e hoje estou aqui, fazendo sucesso com as garras. É um momento de descontração, de acolhida e muita diversão. Antes, percebia que os calouros já chegavam com medo e agora fazem amizade, é bem mais fácil para eles", comentou.
 
Já a estudante do 5° semestre de Direito, Isadora Escudeiro, de 20 anos, conta que gosta muito do homem-aranha e por isso comprou uma roupa dele. "Esta é tamanho infantil e eu então adaptei para usar hoje. Quando soube do tema, fiquei bem empolgada e preparei tudo, ainda no mês de dezembro. O pessoal da sala já me reconheceu de cara, mesmo com a máscara. Achei incrível a ideia", disse.
A professora do Curso de Educação Física e Pedagogia, Cláudia Diniz, ressaltou a proposta divertida. "Este foi um incentivo fundamental, porque muitas pessoas acabavam se machucando nos trotes. Vi que alguns calouros ficaram envergonhados, mas, adoraram a brincadeira". Ao contrário, quem "deixou a vergonha de lado" foi a acadêmica de biomedicina, Sofia Pietra, de 17 anos.
No 1° dia de aula, ela foi com a roupa da gata negra Felicia Hardy. "Pensei assim: é só uma vez na vida, eu tenho que aproveitar. A recepção foi calorosa e eu tinha que aproveitar". Parecida com ela, estava a professora de Ciência da Vida, Daniele Becanine, que usou a fantasia da viúva negra.
 
"Eu me preparei bastante para o evento, estava ansiosa. Toda acolhida, gosto muito de participar. O mais engraçado é que muitos alunos demoraram a me reconhecer e depois ficaram pedindo fotos". A professora de Ciência Polícia, do curso de direito e mestrado em Desenvolvimento Local, Dolores Pereira Ribeiro Coutinho, também usou a fantasia e levou o marido, o engenheiro Luiz Paulo Medeiros Coutinho, para se divertirem juntos.
"Ele topou vir fantasiado comigo. Ele está de Thor e eu de feiticeira escarlate. Acho que este é o espírito salesiano de Dom Bosco, com a vida no pátio e fora da sala de aula, com interação, criatividade e convívio com os alunos", disse. O marido complementa. "Também sou contra o trote violento e por isso venho prestigiar. Mais tarde, terá o evento noturno e nossa neta estará aqui também, fantasiada e curtindo conosco", finalizou.