Após semanas de ofensiva no mar, os EUA planejam estender operação contra o tráfico da Venezuela também por terra

Trump diz que ataques por terra contra narcotraficantes venezuelanos começarão ‘muito em breve’
A ofensiva dos EUA chega em um momento de crescente tensão com o governo da Venezuela - liderado por Nicolás Maduro / Foto: jovempan

Em uma videoconferência com militares dos EUA, o presidente Donald Trump afirmou que os Estados Unidos irão “muito em breve” iniciar ações terrestres para deter suspeitos de narcotráfico que, segundo ele, vêm da Venezuela.

Ele explicou que muitos traficantes aparentemente deixaram de usar rotas marítimas – por causa dos ataques recentes – e que agora o foco será interceptá-los por terra. “A terra é mais fácil”, disse Trump.

Em tom de advertência, ele afirmou também: “Nós avisamos: parem de mandar veneno para o nosso país.”

Desde setembro de 2025, os EUA vêm conduzindo uma série de ataques contra embarcações que, segundo Washington, transportavam drogas desde a Venezuela rumo aos Estados Unidos.

 A ofensiva marítima faz parte de uma operação, oficialmente chamada Operation Southern Spear, que inclui o uso de navios, vigilância e meios militares para tentar conter o narcotráfico no Caribe.

Segundo autoridades dos EUA, essas ações teriam reduzido o fluxo de drogas via mar: a declaração de Trump sugere que essa pressão deixou os traficantes propensos a mudar suas rotas, o que justifica, aos olhos do governo americano, a transição para ações terrestres.

A expansão para operações terrestres contra narcotraficantes venezuelanos marca uma mudança significativa – há décadas os esforços antidrogas americanos não envolviam esse tipo de ameaça declarada contra atores fora de território americano dessa forma aberta e generalizada.

De acordo com fontes citadas pela imprensa, os EUA estariam se preparando para uma “nova fase” de operações relacionadas à Venezuela, o que levanta dúvidas sobre a sua extensão, alvos e possíveis consequências.

Com isso, aumenta o risco de confrontos diretos em solo venezuelano ou nas fronteiras, além de implicações diplomáticas e humanitárias, já que atacar por terra pode envolver civis, migração de refugiados e instabilidade regional – algo que, até o momento, não está claro como será tratado por Washington.

A ofensiva dos EUA chega em um momento de crescente tensão com o governo da Venezuela – liderado por Nicolás Maduro – especialmente após os EUA terem designado organizações criminosas venezuelanas como grupos terroristas, justificando uma postura mais agressiva na luta contra o narcotráfico.

A chegada de grupos navais dos EUA ao Caribe, aumento de alertas internacionais e o corte de rotas aéreas e marítimas envolvendo a Venezuela indicam que a região entra numa fase de tensão elevada, com consequências para a segurança, diplomacia e direitos humanos.

Até o momento, as autoridades americanas não divulgaram em detalhe os planos para as operações terrestres: não se sabe onde ocorreriam, quem seriam os alvos específicos, nem qual o fundamento legal para tais ações em solo estrangeiro.

Além disso – embora haja acusações de tráfico – não há confirmação pública independente de que todas as embarcações atacadas transportavam drogas, o que gera controvérsia sobre a legitimidade dos ataques mais antigos.


Ou seja, embora o anúncio represente uma escalada clara, ainda há muitas incertezas sobre como isso de fato vai se desenrolar , e quais serão os impactos reais para a Venezuela, para os EUA e para cidadãos comuns.