Arlindo Landolfi ainda aguarda prazo para que outras citadas na Operação Spotless se manifestem após suspensão dos contratos

Terenos firma contrato emergencial para substituir empresa investigada, diz prefeito interino
Arlindo Landolfi ainda aguarda prazo para que outras citadas na Operação Spotless se manifestem após suspensão dos contratos / Foto: Prefeito interino esteve na Alems nesta terça-feira. (Foto: Reprodução, Redes Sociais)

O prefeito em exercício de Terenos, Arlindo Landolfi (Republicanos), disse nesta terça-feira (30) que firmou um contrato emergencial para fornecimento de internet para dar continuidade aos serviços municipais após a prisão do prefeito afastado Henrique Budke (PSDB). Landolfi está em Campo Grande hoje.

Durante visita à Alems (Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso do Sul), ele comentou as primeiras medidas que tomou ao assumir o cargo, no último dia 12 de setembro. Budke foi preso no dia 9.

“Foram suspensos alguns contratos e pagamentos. Amanhã vou ao Tribunal de Contas e ao Tribunal de Justiça para entender toda a situação e se será possível continuar com as empresas. Demos um prazo de dez dias, que vence hoje, para ver se elas têm interesse”, comentou.


 

“Algumas coisas que a gente já licitou em forma emergencial, por exemplo a internet, por três meses. Na limpeza, colocamos por conta da própria prefeitura, agora estamos tomando conta da limpeza urbana, e mais coisas a gente está esperando ainda hoje para vencer esse prazo para ver o que vai acontecer com essas empresas”, complementou Landolfi.

Na semana passada, a prefeitura contratou por dispensa de licitação a empresa Spotnet Telecomunicações LTDA (CNPJ 30.909.677/0001-08) para fornecer internet em escolas, postos de saúde, Cras (Centros de Referência em Assistência Social), Conselho Tutelar e outras unidades municipais. No total, o serviço custará R$ 154.800.

Prefeito afastado e mais 25 são denunciados à Justiça
O MPMS (Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul) denunciou o prefeito afastado de Terenos, Henrique Budke (PSDB) e mais 25 pessoas envolvidas no suposto esquema de corrupção na prefeitura, desmontado após a Operação Spotless, em setembro de 2025. Budke está preso há mais de 20 dias.

Licitações de obras públicas eram direcionadas, e empresas se revezavam nos serviços, garantindo que o grupo se beneficiasse do esquema, que incluía pagamento de propina ao prefeito e outros citados.

Foram denunciados:

Henrique Budke (PSDB), prefeito afastado de Terenos
Arnaldo Glagau (PSD), vereador e empresário
Arnaldo Santiago, empresário
Cleberson José Chavoni Silva, empresário
Daniel Matias Queiroz, empresário
Edneia Rodrigues Vicente, empresário
Eduardo Schoier, empresário
Fábio André Hoffmeister Ramires, policial militar e empresário
Felipe Braga Martins, empresário
Fernando Seiji Alves Kurose, empresário
Genilton da Silva Moreira, empresário
Hander Luiz Correa Grote Chaves, empresário
Isaac Cardoso Bisneto, ex-secretário municipal de Obras e Infraestrutura
Leandro Cícero de Almeida Brito, engenheiro
Luziano dos Santos Neto, empresário
Maicon Bezerra Nonato, servidor público municipal
Marcos do Nascimento Galitzki, empresário
Nádia Mendonça Lopes, empresária
Orlei Figueiredo Lopes, comerciante
Rinaldo Córdoba de Oliveira, empresário
Rogério Luís Ribeiro, empresário
Sandro José Bortoloto, empresário
Sansão Inácio Rezende, empresário
Stenia Souza da Silva, empresário
Tiago Lopes de Oliveira, empresário
Valdecir Batista Alves, empresário
“O que se apurou na investigação é uma organização criminosa instalada no Poder Executivo do Município de Terenos atuando há anos para fraudar licitações e saquear os cofres públicos, um verdadeiro balcão de negócios comandado pelo Prefeito Municipal [Henrique Budke]”, pontuou o procurador-geral de Justiça Romão Ávila Milhan Júnior.

Operação do Gaeco em Terenos prende prefeito
A Prefeitura de Terenos foi alvo de devassa do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) em 9 de setembro.

Foram expedidos 16 mandados de prisão, além de 59 mandados de busca e apreensão em Terenos, Campo Grande e Santa Fé do Sul (SP).

Prefeito de Terenos chefiava esquema de fraude em licitação
Henrique Budke é apontado como líder da organização criminosa alvo da Operação Spotless, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), em 9 de setembro.

A investigação apontou que o grupo liderado por Budke tinha núcleos com atuação bem definidos. Servidores públicos fraudaram disputa em licitações, a fim de direcionar o resultado para favorecer empresas.

Os editais foram elaborados sob medida e simulavam competição legítima. Somente no último ano, as fraudes ultrapassam os R$ 15 milhões.

O esquema ainda pagava propina para agentes públicos que atestavam falsamente o recebimento de produtos e de serviços, e aceleravam os processos internos para pagamentos de contratos.

A Operação Spotless foi deflagrada a partir das provas da Operação Velatus, que foi realizada em agosto de 2024. O Gaeco e Gecoc obtiveram autorização da Justiça e confirmaram que Henrique Budke chefiava o esquema de corrupção.

Spotless é uma referência à necessidade de os processos de contratação da administração pública serem realizados sem manchas ou máculas. A operação contou com apoio operacional da PMMS (Polícia Militar de MS), por meio do BPCHq (Batalhão de Choque) e do Bope (Batalhão de Operações Especiais).