Em 2023, já foram registrados 14 óbitos.

Taxa de mortalidade materna cresce e deixa MS em alerta
Imagem Ilustrativa. / Foto: André de Abreu

A taxa de mortalidade materna cresceu nos últimos anos e deixa Mato Grosso do Sul em alerta. 

Durante a pandemia da Covid-19 de 2020 a 2021, 70 mulheres morreram no Estado.

No ano de 2022, houve redução para 23 mortes. Nos cinco primeiros meses de 2023, já foram registrados 14 óbitos.

A última morte foi registrada na semana passada. A vítima era uma mulher de Três Lagoas.

O I Simpósio Estadual de Prevenção do Óbito Materno e Infantil foi realizado no dia 30 de maio. 

A ação contou com a participação de profissionais de saúde e sociedade que debateram o tema.

No mundo, cerca 830 mulheres perdem a vida, por dia, devido às complicações relacionadas a gravidez e parto. 

"Transformando estes dados seriam mesma coisa que dizer no mundo, todos os dias, cinco aviões caem com mulheres gestantes ou puérperas morrendo por complicações de partos e gravidez", afirmou a enfermeira da IFF (Instituto Fernandes Figueira) Fiocruz, dra. Evelyn Rios Sona.

O crescimento da mortalidade materna no mundo representa "cinco aviões com mulheres gestantes ou puérperas morrendo por dia", aponta Simpósio Estadual.

A mortalidade materna é considerada uma das mais graves violações do direito humanos contra mulheres por 92% dos casos poderiam ser evitados. 

A diretora-geral da Vigilância da Saúde, Dra. Hilda Guimarães de Freitas, afirma que é preciso que seja firmado um compromisso para que tenhamos a redução. 

"Esperamos que o evento contribua para chegar ao propósito de até 2030 com 30 óbitos por 100 mil nascidos vivos. Precisamos, então, fazer mais por esta caminhada, gestores (prefeitos), secretarias, técnicos e colaboradores (profissionais de saúde) assumam este compromisso da redução da mortalidade infantil em Mato Grosso do Sul", disse dra. Hilda Guimarães.

A enfermeira da IFF Fiocruz, Evelyn Rios Sona, reforçou que as taxas de mortalidade materna e de mortalidade infantil são indicadores de vida da população, o que evidencia a desigualdade social de um país. 

A profissional apresentou dados preocupantes e que causaram indignação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estipula que todos os dias, no mundo, 830 mulheres morrem por causas evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto. 

"É número que nos deixa bastante entarrecido", revela. Ao todo, foram notificados 1.965 casos de mortalidade materna no decorrer do ano de 2020 no país. "Significaria cinco aviões caindo só com mulheres brasileiras por ano", alerta a dra. Evelyn Rios Sona.

Ações do Coren-MS

O presidente do Coren-MS, Dr. Sebastião Duarte, apontou que a prevalência da mortalidade materna se arrasta ao longo de anos. 

"Nós avançamos tanto na saúde na questão de tecnologias, porém, persistimos com um problema antigo, a morte de gestantes e puérperas. O que me causa indignação são as causas que poderiam ser evitadas, e são as mais frequentes. Se trata da perda da mãe, principal personagem na família. Não se trata de números, mas de famílias fragilizadas", afirmou Sebastião.

Entre as ações apresentadas pelo Coren-MS no Comitê Mortalidade Infantil da Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso do Sul para redução da mortalidade materna, foram adquiridas kit de caixas de urgência e emergência obstétrica que serão doadas aos municípios e hospitais. 

"O compromisso dos municípios será de equipar as caixas de hemorragia, sepse e doenças hipertensivas. Sabemos das dificuldades, principalmente nas cidades do interior, onde não tenha especialistas e as urgências e emergências obstétricas não sejam frequentes, então com os protocolos e as caixas equipadas, fica mais fácil o manejo de tais intercorrências ", acredita.

Outras ações feitas pelo Coren-MS são a habilitação de profissionais de 12 municípios de MS para a inserção do DIU (dispositivo intrauterino). 

"A gente sabe que nem toda gravidez é planejada e algumas mulheres recorrem ao aborto e nisso algumas tem insucesso e complicações, levando risco à própria vida. Temos atendidos muitos secretários oferecendo políticas públicas para melhorar o planejamento familiar", complementou Dr. Sebastião.

Foram feitas entregas de kits para o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), Santa Casa e Maternidade Cândido Mariano.

O mês de maio é marcado pelo dia 28 sobre o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. 

O I Simpósio Estadual de Prevenção do Óbito Materno e Infantil é promovido pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul, com apoio do Coren-MS.