Encontro entre Mauro Vieira e Marco Rubio busca reduzir tensões e discutir tarifas, sanções e cooperação econômica.

Tarifaço: Lula confirma reunião entre Brasil e EUA na quinta (16)
Presidente Lula (E) e presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (D) / Foto: Montagem iG/Fotos: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou nesta quarta-feira (15), durante evento no Rio de Janeiro em comemoração ao Dia dos Professores, a realização de uma reunião entre autoridades do Brasil e dos Estados Unidos nesta quinta-feira (16), em Washington.

O encontro ocorre em meio a tensões diplomáticas entre os dois países e tem como foco negociações comerciais, levantamento de sanções e cooperação em setores estratégicos.

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O anúncio foi feito ao lado do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), e de ministros de Estado. Lula destacou a importância de diálogos “sem preconceito” e mencionou uma conversa anterior com o presidente norte-americano Donald Trump, em 6 de outubro, na qual trataram de oportunidades econômicas e da exploração de minerais críticos brasileiros.

“Não pintou química, pintou uma indústria petroquímica” , disse Lula, em tom de brincadeira, referindo-se a possibilidades de investimentos no setor.

A reunião de Washington será conduzida pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que chegou à capital americana na terça-feira (14) para preparar os encontros.

Ele se reunirá com o secretário de Estado, Marco Rubio, indicado por Trump para liderar as negociações diretas com o Brasil.

O convite partiu do próprio Rubio, em ligação telefônica a Vieira, e dá continuidade à conversa de cerca de 30 minutos entre Lula e Trump, descrita pelo Planalto como “amigável e positiva”.

Temas da reunião
Entre os principais temas da agenda estão o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, como café, aço e minerais, em vigor desde agosto.

O governo brasileiro pretende discutir formas de redução ou revogação das tarifas, que elevaram custos de exportação e afetaram consumidores americanos.

Outro ponto será a revogação de sanções aplicadas sob a Lei Magnitsky, que atingem autoridades brasileiras, entre elas o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane Barci de Moraes, acusados pelo governo americano de violações de direitos humanos.

Também está prevista a discussão sobre cooperação econômica e industrial, com foco na exploração de minerais críticos — como lítio, nióbio, grafite e terras raras — e no desenvolvimento de cadeias de processamento dentro do Brasil, evitando o modelo de mera exportação de commodities.

Lula afirmou que o país quer atrair empresas interessadas em investir diretamente em território nacional.

O acesso direto ao secretário de Estado é visto como uma oportunidade de acelerar soluções práticas.

Durante o evento no Rio, Lula criticou, sem citar nomes, “cidadãos indo para os EUA tentar inflar os americanos contra nós”, em referência a opositores brasileiros que têm pressionado Washington.

As negociações marcam mais um capítulo em uma sequência de interações recentes entre os dois governos. Em setembro, Lula e Trump trocaram cumprimentos rápidos nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Na ocasião, Trump elogiou o presidente brasileiro e acenou para uma aproximação diplomática, embora novas sanções tenham sido anunciadas no dia seguinte, incluindo contra familiares de Moraes.

Nas semanas seguintes, contatos foram retomados em caráter reservado. Reuniões entre o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), o embaixador Mauro Vieira e representantes americanos ajudaram a restabelecer os canais de comunicação.

Um telefonema entre Rubio e Vieira consolidou o convite para o encontro desta quinta.