Os futuros do grão acompanham as baixas intensas do óleo, de quase 3%, e as do farelo de mais de 1%.

Soja aprofunda baixas em Chicago com óleo perdendo mais de 2% na tarde desta 4ª feira
Os futuros do grão acompanham as baixas intensas do óleo, de quase 3%, e as do farelo de mais de 1%. / Foto: Embrapa/Reprodução/Canal Rural

Os preços da soja perdem mais de 20 pontos no início da tarde desta quarta-feira (16) na Bolsa de Chicago, intensificando suas perdas na sessão de hoje. Por volta de 11h20 (horário de MS), as cotações cedem de 22,25 a 25,75 pontos nos principais vencimentos, levando o janeiro a US$ 14,31 e o maio  a US$ 14,44 por bushel. Os futuros do grão acompanham as baixas intensas do óleo, de quase 3%, e as do farelo de mais de 1%.

Milho e trigo também continuam operando no vermelho em Chicago. Parte da pressão vem do mercado do petróleo, que inverteu o sinal e passou a operar do lado negativo da tabela, perdendo mais de 2% no WTI e mais de 1,5% no brent. 

O mercado do óleo de soja segue muito atento ao aumento do esmagamento nos EUA, que segue crescendo, como explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities. "O processamento em outubro foi muito forte, pico sazonal, mas a cada ano maior", diz. 

De acordo com dados da NOPA (Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA), o processamento de soja no país em outubro aumentou 17% na comparação mensal. Do mesmo modo, os estoques de óleo norte-americanos vieram ligeiramente menores do que as estimativas do mercado, porém, são 17% menores do que a média dos últimos anos para este mesmo período. As margens do óleo seguem bastante elevadas nos Estados Unidos. 

Assim, como explica Vanin, o complexo soja continua muito favorável ao processamento nas origens. 

"China comprando menos e aumento da produção global, em especial o Brasil; aumento dos programas internos de biocombustíveis e encarecimento da logística,  esse ano inclusive nos EUA. Nesses dois pontos, o diesel tem uma importante contribuição. E parece que o diesel caro veio para ficar, o que penaliza quem está distante (China)", explica o analista. De outro lado, a Argentina vem reduzindo seu processamento e a continuidade do quadro global de aperto dos estoques de óleos vegetais. 

"Tudo isso continua mantendo as margens de esmagamento muito saudáveis – importante mencionar que isso tende a mexer com o padrão histórico de movimentação dos basis. O normal era queda dos basis na boca da safra. Isso está mudando", complementa o analista.

Segue o foco dos traders também sobre a nova safra da América do Sul e as condições - até momento - favoráveis para os trabalhos de plantio, porém, atentos também a pontuais problemas que começam a aparecer em função das chuvas mais limitadas em alguns pontos do Brasil e na Argentina. Todavia, são esperadas novidades mais fortes para mexer de forma mais intensa com o andamento das cotações. 

De outro lado, a atenção permanece sobre a China e sua demanda, o mercado financeiro e os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia. A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) convocou uma reunião de emergência depois um míssil russo ter atingido a Polônia nos últimos dias. 

"Na tarde de ontem jornais falaram que eram realmente mísseis russos. Depois a inteligência americana disse que pela trajetória não poderia ser a Rússia, o mais provável seria mísseis da Ucrânia de defesa que erraram o alvo e caíram na Polônia. A reação do trigo na CBOT foi de forte alta ontem no final do pregão e hoje devolveu tudo. Os demais grãos foram na carona", explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities.

Além disso, há ainda uma continuidade da alta do dólar frente ao real, de 0,83%, perto de 13h (Brasília), sendo cotado a R$ 5,34. E este é mais um fator que está no horizonte dos participantes do mercado da soja.