Jovem conta que ainda sente muitas dores e agradece ajuda no período em que esteve internado. "Agora pretendo correr atrás dos meus direitos", disse.

 Serralheiro que levou choque 270 vezes maior que tomada recebe alta após 41 dias internado em MS
Homem sobreviveu a choque de 30 mil volts, diz família em Campo Grande - MS. / Foto: João Paulo Souza/Arquivo Pessoal

Teve alta médica, após 41 dias internado na Santa Casa, em Campo Grande, o serralheiro Geison Mayk Ferreira da Silva, de 27 anos, que teve 22% do corpo queimado ao levar um choque de 34,5 mil volts, em uma chácara perto da BR-163. A vítima permaneceu na ala de queimados e agora retornará quinzenalmente ao hospital para a realização de curativos.

"Estou bem. Aliás, só não estou melhor por conta da dor. Agradeço muito a ajuda que recebi neste período e agora pretendo fazer os curativos e correr atrás dos meus direitos", afirmou ao G1 o serralheiro.

No período em que esteve internado, Geison comentou que escutava diariamente sobre o “milagre de ter sobrevivido” e que tinha preocupação em voltar a trabalhar, para ajudar 4 filhos e a esposa, atualmente desempregada.

“Nós estávamos fazendo um barracão neste local. Era o terceiro dia de trabalho, todo mundo já tinha saído e eu estava colocando a última telha. Todos nós trabalhávamos abaixados, com a eletricidade improvisada deste fio de alta-tensão. Fizemos o esqueleto e depois já estava na fase final. Eu fui pegar o parafuso no meu bolso e, um pouco que levantei, tive esse fio encostado na minha cabeça”, disse na ocasião o eletricista.

Entenda o caso
 
O choque foi tamanho que Mayk diz ficar desmaiado em quase todo o trajeto para o hospital. “Eu acordei quando o Corpo de Bombeiros estava na Costa e Silva. Nós cortamos os fios, aquilo foi uma gambiarra. Agora eu só quero melhorar, sair daqui. Tenho 4 filhos, esposa, aluguel, mas, nunca precisei de ninguém. Neste momento, infelizmente, dependo de ajuda”, comentou Ferreira.

Ainda de acordo com o eletricista, o trabalho era um “bico” porque ele não tinha recebido do primeiro patrão. “Eu trabalhava em uma empresa no Jardim Itamaracá. O responsável lá atrasou os salários e, de um dia para o outro, pegou todo o maquinário e foi embora. Até hoje não tenho notícia do paradeiro dele e fiquei sem receber R$ 2,5 mil. Por conta disso, tive que procurar outras coisas, fazendo serviços de jardinagem e serralheria”, explicou.
 
A aposentada Cremilda Pereira Miranda, de 74 anos, é uma das pessoas que contratou o serviço do rapaz. “Ele veio aqui alegre, sorridente, feliz pelo fato de estar trabalhando esses dias na minha casa. Eu até dei um pouquinho a mais de dinheiro pra ele, porém não posso fazer mais que isso. Os filhos dele são todos pequenos, de 6, 4, 3 e 1 ano. É muito triste o que aconteceu”, alegou a idosa.

De acordo com a assessoria de imprensa da Santa Casa, Mayk está internado na ala dos queimados, desde o dia 29 de janeiro. Ele teve a amputação de 3 dedos, além de queimaduras que atingiram os ombros, cabeça, dorso, tórax e membros inferiores, todos do lado esquerdo.

Alta tensão
 
A concessionária da distribuição de energia elétrica no estado – Energisa – comparou o nível da voltagem (tensão) à tomada residencial comum, que possui a tensão de 127 volts ou 220 volts, conforme a ligação que tiver no imóvel. De acordo com a assessoria, o choque que o serralheiro levou, de 34,5 mil volts, se equipara a mais de 270 vezes o valor da tensão das tomadas residenciais.

A concessionária informa que, quanto maior a tensão, maior é o risco de choque elétrico, e reforça para que a população não se aproxime dos fios e cabos condutores de energia, considerando sempre que podem estar energizados. Nestes casos, a orientação é entrar em contato, imediatamente, com a empresa por meio do telefone 0800 722 7272.

Quem quiser ajudar o serralheiro com alimentos e pertences para as crianças, pode entrar em contato com a mãe dele, Maria Aparecida, pelo telefone: (67) 99925 – 4716.