Hoje com 49 anos, ela contraiu a doença quando era criança e morava na zona rural do estado, onde vacinação não chegava.

Sequelas do sarampo deixam mulher com dificuldade na fala e totalmente dependente de outros em MS
Campanha de vacinação contra o sarampo e a poliomielite vai até sexta-feira, mas CRs de Campo Grande vão fazer plantão no fim de semana. / Foto: TV Morena

I.M.S. tem 49 anos. É filha do meio de uma família de sete irmãos e há 46 anos sofre com as sequelas de ter contraído sarampo quando era criança. Segundo seu pai, J.S, ela tem dificuldades na fala e é totalmente dependente da ajuda de outras pessoas, por isso, mora com uma irmã que cuida dela como uma filha, no bairro Moreninhas, na região sul de Campo Grande.

O pai lembra que na época que a filha pegou a doença, no início da década de 70, morava na zona rural do distrito de Vila Vargas, em Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, onde não tinha acesso a campanhas de vacinação e nem a atendimento médico.

“Trabalhava em uma fazenda, onde tirava leite de mais de 100 vacas por dia. Tudo era difícil. Não tinha como vacinar. Nada chegava lá. Quando ela ficou doente, procurei ajuda no distrito, mas não tinha nem farmacêutico. Larguei tudo e vim para Campo Grande. Aqui descobrimos que além do sarampo ela tinha tido coqueluche. Isso causou um problema na cabeça dela e a menina que falava de tudo, corria para todo lado, era uma beleza, começou a falar tudo enrolado, de um jeito que ninguém entende e a depender dos outros para tudo”, lamenta.

Ainda inconformado com a situação da filha, depois de ao longo dos anos ter procurado vários tratamentos para tentar amenizar as sequelas, o pai diz que não consegue entender porque tem havido tanta resistência a vacina contra o sarampo, se ela pode prevenir uma doença que pode causar tanto mal. “Na época não tínhamos acesso, mas hoje as pessoas tem, e tem de vacinar”, alerta.

O alerta do pai de uma vítima do sarampo faz ainda mais sentido após analisar dados divulgados nesta quarta-feira (29) pela secretaria municipal de Saúde (Sesau) de Campo Grande que apontam que quatro casos suspeitos de sarampo estão sendo investigados na cidade, sendo três em crianças, com 1, 2 e 5 anos e um em um adulto, de 28 anos.

Com esse contexto e diante de um quadro em que apenas 52% das crianças do público-alvo da campanha de vacinação contra o sarampo, que vai somente até essa sexta-feira (31), a Sesau já anunciou, que mesmo com o encerramento da iniciativa, que vai fazer um plantão no fim de semana nas salas de vacinação dos Centros Regionais de Saúde (CRs): Aero Rancho, Nova Bahia, Tiradentes e Coophavila II, das 7h15 às 16h45.

Em cada CRS funcionarão duas salas de vacinação que receberão reforço de profissionais para dar celeridade na aplicação das doses.

A coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Sesau, Mariah Barros,reforça para os pais não deixarem para vacinar as crianças no último dia. “Mesmo com os CRSs abertos no fim de semana, conclamamos os responsáveis das crianças com idade de 1 a menores de 5 anos para levarem os pequenos nas 66 unidades básicas de saúde até a sexta-feira, não deixando para o fim de semana, sobrecarregando as quatro unidades”.

Ela explica ainda que “os casos investigados de sarampo nos preocupa e por isso as crianças que estão com sistema imunológico em desenvolvimento precisam receber as doses, mesmo se já foram vacinadas no passado”.

Em Campo Grande, segundo a Sesau a meta é imunizar 95% das crianças com idade entre 12 meses e 5 anos incompletos, o que representa cerca de 47,5 mil.