Sem fazer questão de se esconder, pelo menos cinco deles falam ou trocam mensagens pelos celulares no local, evidenciando quebra das normas do sistema carcerário.

Sem trabalho para esconder, presos usam celular até em banho de sol na Máxima
Encostado na parede, preso digita em celular tranquilamento durante banho de sol. / Foto: Direto das Ruas

Imagens feitas de dentro da Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande revelam o uso, sem censura, de celulares por detentos. Vários aparecem usando os aparelhos tranquilamente, durante banho de sol registrado na tarde de quarta-feira (23). Sem fazer questão de se esconder, pelo menos cinco deles falam ou trocam mensagens pelos celulares no local, evidenciando quebra das normas do sistema carcerário.

Nas fotos é possível ver vários presos na quadra de futebol e também no que parece ser o corredor de um dos pavilhões do presídio. Uns parecem estar em ligação, com o celular na orelha, enquanto outros, seguram o aparelho nas mãos, como se estivessem digitando. Nas imagens não é possível notar qualquer tipo de fiscalização.

As cenas deixam claro que os presos se sentem livres para manter contato com o mundo exterior, sem precisar esconder os celulares nas celas.

Atualmente, os principais dos focos de criminalidade ativa em Mato Grosso do Sul estão dentro dos presídios. Tráfico, assaltos e sequestros são comandados por detentos.

Segundo dados da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), desde o início da pandemia, quando visitas foram vetadas nas penitenciárias, houve aumento na apreensão de celulares. Nos cinco primeiros meses deste ano houve aumento de 18,5%.

Entre janeiro e maio de 2020, o total de aparelhos apreendidos nos presídios sul-mato-grossenses foi de 1.079. No mesmo período em 2021, foram exatos 200 a mais.

Em nota, a Agepen não explica a falha no monitoramento do banho de sol. Mas informou que alambrados de seis metros de altura estão sendo instalados entre a muralha do presídio e os pátios dos pavilhões “no sentido de coibir os arremessos de ilícitos de fora do presídio, identificado como principal meio utilizado para essa prática delituosa”.

De acordo com o órgão, os alambrados foram instalados em todo o pavilhão de número um, onde ocorrem os lançamentos. “Pelas imagens, as fotos eram tiradas antes da instalação desses alambrados”, afirma.

A Agepen informa ainda diariamente são realizadas vistorias nas celas para encontrar materiais ilícitos. Disse ainda que a direção tomou conhecimento das fotos e que está trabalhando na identificação dos internos.

Por fim, a Agepen afirma que o modelo do presídio é antigo e que com o desenvolvimento da cidade acabou sendo “inserido na área urbana de Campo Grande, o que favorece arremessos, por criminosos. A Agepen vem combatendo com as constantes operações de pente fino, para retirada de todo e qualquer ilícito. Além do mais, temos trabalhado junto ao governo federal, na construção de uma nova unidade prisional, nos moldes dos presídios novos da Gameleira, que absorva parte da população carcerária da Capital”, completa.