Sem apoio: ao contrário de outros anos, torcida ignora Seleção na Granja
Às moscas: nenhum torcedor foi até a porta da Granja acompanhar a Seleção / Foto: Gustavo Garcia/GloboEsporte.com

As recepções calorosas da Seleção no período de treinos em Teresópolis, na Região Serrana do Rio, ficaram para trás. Diferentemente dos anos anteriores, quando inúmeros torcedores se aglomeravam na porta da Granja Comary para tentar uma aproximação com os ídolos convocados (relembre a chegada à Granja em 2014 no vídeo acima), desta vez, mesmo com Neymar e promessas como Gabriel Jesus e Gabigol entre os escolhidos para a Olimpíada, não houve sequer algum tipo de apoio. Pelo contrário.

Após três dias de preparação dos jogadores sub-23 no CT da CBF, as únicas pessoas que compareceram à entrada da porta da casa da Seleção, com exceção dos profissionais envolvidos na cobertura do time, foram manifestantes locais.

Na última segunda-feira, dia da apresentação dos atletas, professores da rede estadual de ensino fizeram um protesto na porta da Granja Comary contra as condições de trabalho e as estruturas das escolas. Eles se juntaram a um grupo de desabrigados na tragédia da Serra, que assolou o município em 2011, e estiveram no local para pedir que os governantes cumpram a promessa de doar moradias para as vítimas da catástrofe natural.

Um cenário bem diferente até mesmo do que marcou o retorno da Seleção após a derrota por 7 a 1 para a Alemanha, na Copa do Mundo de 2014, quando diversas crianças e adultos marcaram presença na entrada da Granja Comary para dar apoio aos comandados por Felipão, como aconteceu durante todo o Mundial. Ou quando a equipe de Dunga esteve em Teresópolis no ano passado na preparação para a Copa América, em que ao menos alguns torcedores eram vistos diariamente na porta do CT.

O abandono chamou a atenção dos vizinhos da Seleção. Moradora do condomínio da Granja há aproximadamente 21 anos, Ivone Santana da Silva se mostra surpresa com a ausência da torcida na porta da Granja Comary.
 

- Sempre que a Seleção chegava na cidade era um tumulto muito grande na porta. Era difícil até mesmo para nós, moradores, entrarmos. Tínhamos que ficar nos identificando e tudo - disse a autônoma, que culpa os últimos fracassos da Seleção pela falta de torcedores.

- Acho que o pessoal daqui desanimou um pouco. Para nós acaba sendo bom porque não tem aquele tumulto todo para entrar em casa. Os porteiros que não nos conhecem não ficam nos embarreirando. Mas é estranho ver a porta assim - declarou.

Com ou sem alarde, a Seleção fica na Granja Comary até o dia 27 de julho, quando embarca para Goiânia, onde irá realizar um amistoso preparatório contra o Japão, no dia 30. A estreia na Olimpíada acontece no dia 4 de agosto, contra a África do Sul, no Mané Garrincha, em Brasília.