Deputado Carlos Alberto David dos Santos, que é coronel da PM, chorou e precisou tomar água antes de retomar discurso

Secretário, chefe dos bombeiros e deputado saem em defesa de Reinaldo
Coronel David e Reinaldo se abraçaram após o discurso do deputado / Foto: Marina Pacheco

Líderes na área de segurança pública aproveitaram a cerimônia de entrega de viaturas do Corpo de Bombeiros, na tarde desta terça-feira (23), para sair em defesa do governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), em relação às delações dos donos da JBS.

Os defensores adotaram o mesmo discurso de outros políticos brasileiros citados, desqualificando as denúncias ao afirmarem que os delatores são criminosos.

Ex-comandante da Polícia Militar, o deputado estadual Carlos Alberto David dos Santos (PSC) se emocionou ao dizer que conhece Reinaldo Azambuja há 20 anos e que o considera da família. Ele precisou parar o discurso para enxugar as lágrimas e tomar água.

O coronel David destacou ainda que tem “vasta experiência” na área de segurança e disse que “conhece bandido de longe” ao se referir aos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS que depuseram à PGR (Procuradoria Geral da República). “Assisti atentamente às gravações, [os delatores] têm todos os trejeitos de bandidos quando vão mentir”.

Já o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Esli Ricardo de Lima, também disse desconfiar da índole dos delatores. “Essas acusações partiram de bandidos, réus confessos que deveriam estar presos”.

O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, José Carlos Barbosa (PSB), aproveitou o discurso para defender o chefe do Executivo estadual. “No pouco tempo que pude conviver de perto com Reinaldo virei testemunha da preocupação do governador com transparência”, afirmou.

Barbosinha, como é conhecido o deputado estadual licenciado, completou: “Governador, vossa excelência aqui tem um soldado”.

Governador – Reinaldo voltou a se defender das denúncias e garantiu que o governo não vai deixar de fazer tudo o que tem programado, assim como aconteceu nesta terça-feira (23) com a entrega das viaturas.

O chefe do Executivo disse que vai responder a todas as acusações em paralelo ao trabalho à frente da administração estadual.

“Não vou deixar de responder a questionamentos até provar a minha inocência. Não posso responder pelos mais de 1,8 mil acusados por esses bandidos, mas vou até o fim para provar a minha inocência. Devo satisfação a todos os homens e mulheres de bem do nosso Estado, que acreditaram que na minha lisura”.

Reinaldo Azambuja já havia dito em coletiva de imprensa na tarde de segunda-feira (22) que vai “até o fim” para provar que não recebeu propina da JBS.

Pecuarista em Mato Grosso do Sul, ele chorou ao falar do seu patrimônio, lembrando que em 2014 – quando declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 38,7 milhões em bens –, foi considerado o candidato ao governo mais rico do Brasil.

Denúncia – Consta na delação, homologada na quinta-feira passada (19) que Reinaldo teria recebido R$ 10 milhões em espécie, de acordo com um dos delatores, e outros R$ 35 milhões por meio de pagamentos feitos via notas fiscais que seriam falsas, emitidas por pessoas físicas e jurídicas.

A Buriti Comércio de Carnes seria a empresa participante do esquema, para a qual foram pagos R$ 12.903.691,03 por meio de notas frias expedidas entre maio e julho de 2015.

O restante dos “pagamentos”, boa parte deles feitos em 2016, são referentes a vendas de gado, operações que conforme a delação, nunca aconteceram.