Saiu um governo e entrou outro e a proposta de reforma da Previdência Social continua a mesma, penalizando apenas os trabalhadores (assalariados principalmente) brasileiros, sem proposta para acabar com privilégios existentes.

 Reforma da Previdência está longe  do ideal, afirma Fetracom-MS

As autoridades insistem em ignorar números e fatos que comprovam privilégios de alguns segmentos e até estudos técnicos muito bem embasados de que a previdência não é deficitária como afirmam. A análise é de sindicalistas da Federação dos Trabalhadores no Comércio e Serviços de Mato Grosso do Sul – Fetracom/MS.

Pedro Lima, presidente da entidade, disse que o movimento sindical brasileiro, de maneira geral, é veementemente contra essa reforma porque ela não responde a questionamentos importantes levantados ao longo dos últimos anos. “As pessoas querem saber, por exemplo, o que o novo governo vai fazer com o débito das grandes empresas brasileiras que devem ao setor previdenciário, mais de R$ 400 bilhões e não vemos também uma proposta eu envolva a classe colarinho branco, o judiciário e a classe política”, critica Lima.

O presidente da Fetracom/MS afirmou que existem inúmeras discrepâncias como a de autoridades políticas, inclusive governadores, com mais de uma aposentadoria. “Existem aqueles também que aposentam ganhando verdadeiras fortunas mensalmente. Sabemos de casos de pessoas que recebem mais de R$ 60 mil/mês a título de aposentadoria. Como pode isso, quando para os trabalhadores comuns existe um teto baixíssimo?” questiona o líder sindical.

Estevão Rocha, presidente do Seaac/MS, que é filiado à federação, vai mais longe: afirma que o governo abocanha mais de 40% do bolo arrecadado da previdência, para investir em outras áreas, inclusive para obras de infraestrutura, e não repõem esse dinheiro dos trabalhadores.

O Governo Federal faz uso da Desvinculação de Receitas da União (DRU) para abocanhar 30% ou mais  dos recursos da previdência para outros fins. “A DRU é um mecanismo que permite ao governo federal usar livremente 20% de todos os tributos  federais vinculados por lei a  fundos ou despesas”, explica o sindicalista dizendo que de acordo com estudos devidamente comprovados, a principal fonte de recurso da DRU são as contribuições sociais, que respondem a cerca de 90% do montante desvinculado.

De Corumbá, o sindicalista Orlando Terredor Pinto reclama também da terceirização, que veio com a proposta de gerar mais emprego e renda e não fez absolutamente nada disso. Segundo ele, as terceirizadas vieram sim para aumentar o número de sonegadores da previdência, pois elas podem ser de outros estados para prestar serviços aqui e acabam dando calote até nos trabalhadores que têm direitos sonegados e até “salários a ver navios”, afirmou.

Pedro Lima também descartou a possibilidade do trabalhador assalariado (que ganha de um a três salários mínimos) pagar previdência privada, como sugere o próprio governo. “Como pode um trabalhador nessas condições dispor de um pagamento mensal superior a R$ 600,00, por anos a fio,  para garantir uma melhor aposentadoria amanhã? Simplesmente não tem condições”, afirma o presidente da Fetracom/MS.

As lideranças sindicais de Mato Grosso do Sul esperam que os parlamentares da bancada do Estado em Brasília tomem conhecimento desses fatos e ajudem a não aprovar uma reforma previdenciária que prejudique ainda mais o trabalhador brasileiro e que sejam corajosos para investigar esses fatos levantados há anos por entidades e organismos sérios no Brasil. “Se essas questões levantadas forem resolvidas, aí sim podemos pensar em sentar e discutir uma reforma para todos”, afirmou Lima.