Desde o nascimento, em junho, Lorena necessita da cirurgia de altíssimo risco

Recém-nascida com problemas no coração luta contra o tempo aguardando cirurgia na Santa Casa
Desde o nascimento, em junho, Lorena necessita da cirurgia de altíssimo risco / Foto: o (Arquivo pessoal)

Cada segundo aguardando a cirurgia é crucial para a sobrevivência da pequena Lorena, que nasceu no dia 9 de junho, em Campo Grande, com atresia tricúspide, uma cardiopatia congênita grave na qual a válvula do coração apresenta irregularidade para o fluxo sanguíneo. A recém-nascida segue na Santa Casa esperando uma data para o procedimento de altíssimo risco.

A mãe, Geisiane Zanatto, conta que os médicos apresentaram o diagnóstico em fevereiro, depois que ela fez a segunda ultrassonografia morfológica. O primeiro médico que atendeu ressaltou a necessidade da cirurgia na criança no primeiro dia de vida. Entretanto, o plano de convênio médio não cobre o procedimento e não teria tempo hábil para ingressar com uma ação judicial. Logo, ela procurou a Santa Casa, que seria uma referência nesse tipo de procedimento.

Uma médica cardiologista do hospital que atenderia o caso tranquilizou, inicialmente, a assistente de departamento pessoal. Desde o nascimento, a mãe narra que Lorena está sendo assistida por plantonistas do setor neonatal.

“Nenhuma cirurgiã cardíaca acompanhou sua evolução clínica até agora. A primeira semana de vida da minha filha foi estável. Ela estava forte, pronta para a cirurgia. Mas mudaram o foco: decidiram priorizar uma ressonância magnética por causa do teratoma (um tumor geralmente benigno), explica.

Ela relembra a cronologia dos procedimentos:
Marcaram o exame para 13 de junho, mas adiaram porque caiu em um feriado. Costumam fazer o procedimento às terças e sextas, desde que não haja feriado.
No dia 17 de junho, finalmente realizaram o exame. Entretanto, durante o procedimento, Lorena sofreu uma parada cardíaca. Os médicos a reanimaram e remarcaram o exame para o dia 20, mas ela não conseguiu realizá-lo novamente pela instabilidade.
A recém-nascida desenvolveu uma infecção e precisou passar por sete dias de antibiótico. Os neonatologistas entraram em contato com a equipe de neurologia, que informou que bebê não passará mais pela ressonância.
“Enquanto isso, o tempo passa. Minha filha segue lutando. Está usando a medicação Alprostadil, que dá coagulação no sangue e está medicação é necessária para o coração, está sendo medicada com o plasma a cada 12 horas para melhorar a coagulação do sangue. Na quarta-feira (2), saiu o resultado do exame de coagulação e Lorena está pronta para a cirurgia, mas seguimos aguardando o agendamento da equipe cirúrgica. É impossível descrever a angústia de uma mãe que vê a filha pronta para lutar pela vida, mas presa numa espera injustificável”.

O que diz a Santa Casa
Em nota, a Santa Casa de Campo Grande informa que, desde o nascimento, uma equipe multidisciplinar acompanha a paciente, com cardiologistas pediátricos, neonatologistas, cirurgiões pediátricos e neurocirurgiões, seguindo rigorosamente os protocolos institucionais.

A equipe está planejando a cirurgia no coração necessária, que exige condições ideais por causa de sua delicadeza, com o objetivo de garantir o melhor para a paciente. Embora alguns trechos mencionem o nome da criança, o hospital opta por não divulgá-lo em respeito à privacidade.

O hospital ressalta que antes da realização da cirurgia, a recém-nascida apresentou sinais clínicos que culminaram no diagnóstico de uma infecção neonatal, exigindo tratamento imediato. Paralelamente, foi comunicada à mãe a necessidade de uma série de exames prévios, essenciais para se obter um diagnóstico preciso e, assim, programar adequadamente um procedimento de alta complexidade.

“Após a conclusão desses exames iniciais e o controle do quadro infeccioso, a programação cirúrgica seguiu sem atrasos. Nesse contexto, foi solicitado o parecer do neurocirurgião, que avaliou o estado clínico da paciente e, diante de sua instabilidade, decidiu por manter a conduta apenas com exames específicos, dispensando a ressonância magnética em prol da segurança da criança”.

Portanto, na evolução clínica registrada no último dia, o cirurgião responsável pela operação cardíaca foi acionado para a definição da data do procedimento.

“Por se tratar de uma cirurgia de altíssimo risco, ela será realizada com máxima cautela e no momento mais oportuno, priorizando sempre o bem-estar da paciente. Até então, não era possível definir uma data exata para a intervenção, devido à necessidade de monitoramento da evolução pós-infecção. Com essa etapa superada, a programação cirúrgica está prestes a ser concretizada”.

Contudo, até a manhã desta quinta-feira (3), a mãe aguarda o retorno do hospital com a data do procedimento. A recém-nascida continua internada na Santa Casa.