O renovado sedã incorpora até tecnologias autônomas na versão “top” Diamond Plus, mas demora a embalar nas vendas.

Questão de empatia: Hyundai HB20S
As lanternas horizontalizadas remetem aos sedãs maiores da Hyundai, como o Elantra e o Sonata. / Foto: Luiza Kreitlon/AutoMotrix

Houve um tempo – nem tão distante assim – em que os sedãs compactos eram vistos como o “degrau seguinte” de quem começava a vida adulta dirigindo um hatch e, com o crescimento da família, precisava de mais espaço para bagagens. Com o alastramento da “epidemia de utilitários esportivos” nas ruas nacionais, os compactos de três volumes perderam tal primazia. Mas ainda formam um segmento importante e que apresenta surpresas – como o Chevrolet Onix Plus, que foi lançado em outubro do ano passado e logo se posicionou como o segundo automóvel mais vendido do Brasil, atrás apenas do Onix hatch. Outra novidade no segmento foi apresentada na mesma época do sedã da Chevrolet, porém, com uma performance de vendas bem mais discreta. É o HB20S, atualizado junto com a linha de compactos da Hyundai, de acordo com a recente corrente de design da marca sul-coreana, denominada como “Esportividade Sensual”. O novo estilo trouxe como principal inovação visual uma grade trapezoidal que mistura linhas retas e curvas – e que tornou-se a parte mais questionada na linha HB20. Ao lado da grade, os amplos faróis têm light guide em leds. A traseira do sedã evoca o conceito de fastback – o teto se prolonga continuamente até o porta-malas, sem angulações. As lanternas horizontalizadas remetem aos sedãs maiores da Hyundai, como o Elantra e o Sonata. Se a nova grade não reedita a ampla aceitação do modelo anterior, a principal aposta do novo HB20S está no bom nível de equipamentos – principalmente na versão topo de linha do sedã, a 1.0 TGDI 12V Flex Diamond Plus, oferecida por R$ 81.290.

As versões mais completas do HB20S, Diamond e Diamond Plus, trazem ar-condicionado digital, chave presencial Smart Key, piloto automático e limitador de velocidade, partida do motor por botão, troca de marchas por alavancas no volante (Smart Shift) e sistema Stop & Go de parada e partida automática do motor. Exclusivos da versão de topo Diamond Plus, os sistemas de alerta e frenagem autônoma (funciona em velocidades até 50 km/h) e de alerta de mudança de faixa são tecnologias inéditas no segmento. Completam a lista os controles de tração e estabilidade (ESP e TCS), assistente de partida em rampa (HAC), monitoramento de pressão de pneus (TPMS) e câmera de ré com monitoramento da traseira (DRVM). Além disso, toda a linha HB20 conta com cinto de três pontos para todos os ocupantes, encosto de cabeça no banco traseiro, fixação Isofix, dois airbags frontais e dois laterais. O sistema BlueMedia tem visual flutuante e tela de 8 polegadas. Um pacote de equipamentos surpreendente em compactos nacionais.
 

Em termos de motorização, o Hyundai HB20 1.0 TGDI 12VFlex Diamond Plus traz o inédito e moderno três cilindros 1.0l Turbo GDI, que entrega 120 cavalos de potência a 6 mil rpm. Com injeção direta de combustível e duplo comando variável de admissão e escape (Dual CVVT), trabalha sempre em conjunto com o câmbio automático de 6 velocidades. Seu torque máximo de 17,5 kgfm está disponível a partir de apenas 1.500 rpm. De acordo com o Inmetro, o consumo do HB20S com o motor 1.0 TGDI e o recurso start-stop – disponível somente nas versões Diamond e Diamond Plus – é de 12,7 km/l na cidade e 15,6 km/l na estrada, quando abastecido com gasolina, e de 8,8 km/l na cidade e 11,0 km/l na estrada, com etanol. 

Se em termos de equipamentos e de motorizações a linha 2020 do HB20 não deixa a desejar em relação à concorrência, o design da grade pode efetivamente estar causando algum estranhamento. Isso ajudaria a explicar porque o hatch, que no modelo anterior tornou-se vice-campeão brasileiro de vendas em 2016, 2017 e 2018 e ficou em terceiro lugar em 2019, com média de 8.466 mensais, em janeiro deste ano, já com a “cara nova”, apareceu em um discreto quinto lugar, com 6.555 emplacamentos. Já o sedã – que no ano passado manteve a vigésima sexta posição, com média mensal de 2.907 unidades – caiu para 2.073 unidades em janeiro e para vigésimo oitavo no ranking geral de emplacamentos. 

Caso, de fato, o design da nova grade represente um problema, talvez seja superado com o tempo – há vários precedentes na história automotiva de modelos que enfrentaram restrições iniciais e depois, mesmo sem mudanças, se tornaram grandes sucessos. No entanto, também há registros de designs rejeitados pelo público que foram mudados rapidamente para recuperar a atratividade. Um exemplo clássico ocorreu em 1998, quando foi lançado no Brasil um Toyota Corolla com faróis redondos e uma inusitada grade cheia de buracos redondos, que lembrava bastante um ralador de coco. Como as vendas despencaram, foi substituído no mesmo ano por um modelo com visual frontal mais ortodoxo. O certo é que, na nova geração do i20 – compacto da Hyundai para o mercado europeu e asiático, com estreia prevista para o Salão de Genebra, em março –, a marca sul-coreana já adiantou que apresentará uma grade de linhas mais angulosas. Se a Hyundai achar necessário, o estilo do novo i20 poderá muito bem servir de inspiração para um futuro “facelift” da linha HB20. 

Experiência a bordo
Harmonia interior

A versão Diamond Plus do HB20S vem com bancos revestidos em couro, no sóbrio tom cinza lunar, combinando com o painel, o volante, o console e os painéis das portas, que têm acabamento em cinza glacial. As maçanetas são cromadas. O interior segue um design com linhas limpas, mas o revestimento de couro dos bancos e apoia-braços é claro e suja com facilidade. O espaço da cabine cresceu sutilmente em relação ao modelo anterior, com mais um centímetro de largura na altura dos ombros e, no banco de trás, acréscimo de 4,7 centímetros na distância livre em relação aos dianteiros. 

Entre os confortos oferecidos na configuração mais cara do HB20S estão a chave presencial Smart Key com telecomando de travamento das portas e do compartimento de carga, a partida do motor por botão, a direção elétrica, o banco do motorista com ajuste de altura por alavanca, os vidros elétricos dianteiros e traseiros com funções one touch (descida e subida) e antiesmagamento, o console central com porta-copos e porta-objetos, a bolsa porta-revista no encosto do banco do passageiro, os espelhos cortesia nos para-sóis e a iluminação no porta-luvas. Com seu visual flutuante e tela de 8 polegadas, o sistema de entretenimento BlueMedia conecta com diversas funções do celular através do Apple CarPlay e Android Auto e tem operação 
 
Impressões ao dirigir
Tecnologias em ação

A versão “top” Diamond Plus do HB20S exibe uma performance dinâmica bastante satisfatória, proporcionada pelo “powertrain” moderno, composto pelo motor 1.0 Turbo GDI e o câmbio automático de 6 velocidades com borboletas no volante. O carro acelera sempre com vontade, porque o torque máximo aparece com toda a disposição em qualquer giro. As passagens de marchas do câmbio são precisas e discretas, permitindo que o sedã ganhe velocidade rápida e progressivamente. E a possibilidade de mudar as marchas manualmente por meio de borboletas posicionadas atrás do volante facilita a tarefa de obter um comportamento mais responsivo do conjunto. O sistema Stop & Go de parada e partida automática do motor auxilia na economia de combustível, especialmente no tedioso “anda e para” do trânsito das grandes cidades.

Outro destaque do novo HB20S é a bem balanceada direção eletricamente assistida. Revela-se adequadamente leve para as manobras de estacionamento e mais firme nas velocidades altas, o que transmite ao motorista a sensação de controle da situação. Em termos de suspensão, o acerto é preciso e o sedã faz curvas de forma equilibrada, sem “jogar” a traseira ou adernar excessivamente. Nas freadas bruscas, novamente o modelo da Hyundai esbanja eficiência, com muito equilíbrio. Exclusivos da versão Diamond Plus, os sistemas de auxílio ao motorista, como o alerta de mudança de faixa e os sistemas de alerta e frenagem autônoma – capazes de, em caso de impacto iminente, parar o carro sozinho a até 50 km/h ou diminuir o impacto acima desse limite, mesmo que o motorista continue acelerando –, se mostram bastante efetivos e dão conta do recado. Se, por algum motivo improvável, o motorista quisesse bater de frente abaixo dos 50 km/h, seria necessário desabilitar o sistema.