Do quarto hospitalar, a imaginação leva as crianças para onde elas quiserem. De pacientes elas se tornam princesas da Disney ou qualquer outro personagem que elas gostem.

Projeto cria perucas de princesas para crianças com câncer
Ao todo 120 perucas de lã serão doadas. Iniciativa leva alegria e magia para crianças em tratamento de câncer Foto / Foto: Marcos Ribeiro

Elas são verdadeiras "fadas madrinhas" da vida real. Com fios de lã, algumas agulhas e muita vontade de ajudar o próximo, 10 voluntárias do Projeto "Amigos do Peito", juntamente com a 3ª Vara Criminal, 8ª Promotoria de Justiça de Dourados e Semiaberto Masculino de Dourados, levam sorriso e magia para crianças em tratamento de câncer.

Ao todo, 120 perucas inspiradas em princesas dos contos de fadas e pessoas comuns do dia-a-dia foram confeccionadas e serão doadas para pacientes da ala infantil do Hospital Universitário de Dourados e Associação dos Amigos das Crianças com Câncer de Campo Grande e de Barretos, em São Paulo.

Do quarto hospitalar, a imaginação leva as crianças para onde elas quiserem. De pacientes elas se tornam princesas da Disney ou qualquer outro personagem que elas gostem. As perucas aquecem a alma e tudo vira brincadeira entre uma quimioterapia e outra.

Tudo começa entre lãs e agulhas no Semiaberto masculino de Dourados. Lá cerca de 20 internos que participam do projeto, produzem as toucas, que mais tarde se transformam em adereços infantis masculinos e femininos nas mãos das voluntárias do "Amigos do Peito".

"O objetivo é aquecer as carequinhas no inverno e ao mesmo tempo incentivar o lúdico, as brincadeiras e os sorrisos. As crianças soltam a imaginação", destaca Iracema Tiburcio, uma das coordenadoras do projeto. Segundo ela, a partir do dia 28, quando as perucas serão oficialmente entregues à 3º Vara Criminal de Dourados, as doações já poderão ser realizadas a quem precisa.

De acordo com Iracema, o projeto "Amigos do Peito" existe desde 2003, quando um grupo de oração formado por amigas, decidiu se juntar também para ajudar mulheres que passaram pela mastectomia, que é a cirurgia para remoção da mama ou parte dela devido a câncer.

Elas pegaram um molde de prótese de painço que uma paciente havia ganhado pela Rede Feminina de Combate ao Câncer e começaram a reproduzi-lo artesanalmente.

"Conseguimos o apoio da empresa Marta Campos que doa os moldes feitos pelas voluntárias, já em sutiãs. De lá para cá muita gente recebeu gratuitamente um kit com o produto e instruções, melhorando a auto estima", destaca, observando que um manual com orientações para as pacientes foi confeccionado pela enfermeira Idalina Júlio, voluntária do projeto.

Depois das próteses mamárias, as voluntárias abraçaram o projeto de perucas de cabelo natural em parceria com o Semiaberto feminino e 3ª Vara Criminal. De lá para cá, mais de cem pessoas com câncer beneficiadas pela iniciativa. Em outubro do ano passado, as voluntárias decidiram ampliar a corrente do bem por meio das redes sociais para doação de matéria-prima para confeccionar as perucas da lãs para as crianças. "Nós pensamos que se conseguíamos ajudar as mulheres com as perucas, também poderíamos fazer algo pelas crianças e daí surgiu a idéia das perucas de lã.

Trouxemos a proposta para a Luzia Aparecida Ferreira, diretora do Semiaberto Feminino porque precisávamos de um espaço para confeccionar e ela levou o projeto até a 3ª Vara Criminal, que abraçou a causa na hora. O juiz César de Souza Lima garantiu recursos para a compra da matéria-prima e a mão de obra dos albergados do Semiaberto, que ganham 1 dia de remissão a cada dia trabalhados no projeto", destaca a voluntária Anilza Maria dos Santos Silva.

Para a voluntária Gilcéia Pinheiro dos Santos, é grande a expectativa de ver de volta o sorriso no rosto das crianças. "No começo a gente se sentia insegura em produzir as perucas, já que nunca fizemos curso para isso, mas é impressionante como Deus tem capacitado e tudo tem dado certo.

É o sentimento de levar alegria para quem precisa que nos move. A gente se sente bem, uma forma de servir a Deus", destaca. São coordenadoras do projeto em Dourados: Iracema Tiburcio, Gilcéia Pinheiro, Cidinha Xavier, Evelynn Tiburcio, Anilza Maria Santos, Lurdes Santos, Marlene Elger e Cely Ferreira.

Câncer Infantil

Todos os anos, mais de 300 mil crianças e adolescentes são diagnosticados com câncer infantil, segundo a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer. Em 2018, o Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva (Inca) prevê que 12,5 mil crianças serão diagnosticadas com câncer no Brasil. Essa mesma previsão deve se repetir em 2019. Diferente do que pode acontecer com adultos, o estilo de vida geralmente não tem influência no desenvolvimento de tumores em crianças. Ou seja, as neoplasias são originadas de alterações no DNA que podem acontecer antes mesmo do nascimento.

De acordo com o Inca e o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), o câncer é a segunda causa de morte entre crianças e adolescentes até os 19 anos, ficando atrás apenas de causas externas, como acidentes e violência. Entre os tipos de cânceres mais comuns entre os mais novos estão a leucemia, tumores do sistema nervoso central e linfomas.

Doações

Doações de matéria prima para o projeto podem ser feitos pela sociedade. Qualquer ajuda é bem vinda. Informações pelos telefones: (67) 996089248, 99624 9234 e 996317320.