De um lado, motoristas reclamam de desvalorização e, de outro, passageiros sofrem sem oferta de carros.

O cancelamento de corridas pro aplicativo tem se tornado rotina na vida do campo-grandense. Seja na demora pra conseguir um carro ou as recusas em sequência, as reclamações dos usuários não cessam, entretanto, a categoria explica que o problema está diretamente ligado com a alta dos combustíveis e a falta de reajustes na tarifa, causando a escolha por corridas mais lucrativas.
Para o presidente do SindmobMS (Sindicato dos Motoristas de Mobilidade Urbana de Mato Grosso do Sul), Diego de Oliveira Raulino, de 37 anos, a escolha pela corrida mais lucrativa e os cancelamentos em massa são causados por três fatores: Alto preço dos combustíveis, e falta de de reajuste nas tarifas repassadas pelas plataformas aos motoristas e a alta porcentagem que os aplicativos têm cobrado por corrida.
“O sindicato não pode obrigar que os motoristas aceitem todas as corridas, geralmente o motorista trabalha como mais de uma plataforma. Ele sempre procura a melhor corrida, ele recebe uma chamada e deixa o outro aplicativo ligado, se tocar uma melhor ele cancela a atual e vai fazer a melhor”, explicou Diego
Entretanto, a escolha da melhor corrida é considerada fundamental pelo representante do setor em Mato Grosso do Sul. “Devido ao alto preço do combustível, ele vai fazer a corrida que for mais vantajosa. Hoje, o motorista precisa trabalhar mais pra levar a mesma quantia que levava antes. Ele tem parcela ou aluguel do veículo e aluguel da casa pra pagar, o que ele fazia há dois anos atrás com 8h diárias, hoje ele tem que fazer entre 12h e 14h. A Uber chegou há cerca de 5 anos, tudo subiu mas o preço da tarifa não”, explicou.
O motorista explica que a relação entre a demora das corridas e a escolha por método de pagamento é uma questão individual. “Se for em bairro, as vezes é falta de ética do parceiro. Geralmente ele está com o passageiro do Uber e no trajeto ele liga o 99Pop e aceita uma corrida próxima do desembarque. Porém, em algum casos o passageiro demora pra pagar, tem compra pra retirar ou entra dentro da casa, são vários fatores. Eu prefiro cartão, o pagamento vem na hora e não tem problema de troco. Não tem porque rejeitar esse corrida. Na Uber o pagamento é diário e na 99 tem um sistema parecido”, explicou.
Para solucionar o problema, o representante da categoria explicou que seria necessária uma ação em conjunto que contemplasse diminuição no peço do combustível, reajuste na valor na corrida congelada desde 2016 e uma cobrança menor na fatia que fica com a plataforma. Com isso, o motorista diminuiria a escolha por corridas e o tempo de espera, ocasionado pela necessidade frequente de driblar os preços e do combustível e plataforma.
Passageiros sem noção
Para o motorista de aplicativo, Diego Diniz da Silva, de 29 anos, o cancelamento também é uma forma de protesto contra o baixo valor das corridas e alta dos combustíveis, que não leva em conta a manutenção dos veículos.
“Tem aplicativo que chega a descontar o valor absurdo de 25% a 40% do valor da corrida, sendo que temos despesas com combustível, troca de óleo, pneu e o desgaste do carro. Vivemos do aplicativo e temos que levar o sustento pra casa. Os motoristas fazem como meio de protesto para as plataformas aplicarem o reajuste e não descontar um absurdo, aí quem acaba sofrendo são e os usuários que não encontram motoristas ou têm suas corridas canceladas”, disse ele.
Outra reclamação dos motoristas é a falta de "bom senso" de alguns moradores de Capital, que tem solicitado corridas que desrespeitam as normas de biossegunça e as leis de trânsito, e até para transprote de carga como visto nas imagens mais abaixo.
Segundo Diniz, esses prints foram retirados em pedidos de corrida pelo aplicativo Indriver, mas situações como essa ocorrem todos os aplicativos. "Os usuários têm feito o aplicativo como carro de frete para fazer mudanças ou até mesmo levar cimento e argamassa. Não respeitam as leis de trânsito de até 4 pessoas e o decreto da pandemia que limita até 3 pessoas no banco de trás, e com janelas abertas. E ainda ficam bravos quando o motorista cancela", desabafa o motorista.
O Jornal Midiamax acionou as empresas inDriver, Uber e 99 Pop para mais detalhes sobre medidas tomadas pelas plataformas para dar fim aos cancelamentos recorrentes, mas até a publicação desta matéria não obteve retorno. Todos os pedidos de posicionamento foram documentados e o espaço segue aberto para poscionamento.
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