Embrapa Agropecuária Oeste avalia que soja convencional vai ganhar espaço entre lavouras transgênicas na safra 2018/2019

Pressão do mercado externo aumenta plantio de soja convencional em MS

De olho nas exportações, produtores rurais de Mato Grosso do Sul devem usar mais semente de soja convencional que as variedades transgênicas na safra 2018/2019. A avaliação é da Embrapa Agropecuária Oeste, com sede em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande.

Segundo a empresa de pesquisa, variedades produtivas sem necessidade de pagamento da taxa tecnológica, bonificação paga aos sojicultores e benefícios fitossanitários para as lavouras são fatores que contribuem para a ampliação do cultivo de soja convencional.

O plantio de semente não transgênica tem se mostrado um bom negócio, segundo pesquisadores da Embrapa, porque a exportação do grão convencional atende a exigências de alguns mercados específicos.

Atualmente, empresas que vendem soja adotam como estratégia para aumentar a oferta do produto o pagamento de bonificação aos produtores para plantio da semente convencional.

“Além da bonificação, os produtores de soja convencional não precisam desembolsar a taxa tecnológica (royalties), que deve ser paga à empresa que dispõe a tecnologia”, avalia a Embrapa.

Além disso, a oferta de novas variedades de soja convencional, desenvolvidas pelo Programa de Melhoramento Genético da Embrapa, contribui diretamente para o aumento das áreas cultivadas com semente não transgênica.

Opções ao transgênico - “As cultivares BRS 284 e BRS 511, por exemplo, além de serem precoces, apresentam excelente comportamento nas semeaduras antecipadas, a partir do fim do vazio sanitário, o que pode facilitar o manejo da produção de soja convencional”, afirma a Embrapa em nota divulgada hoje (4).

Recém-lançada, a BRS 511 possui resistência genética à ferrugem da soja. Apesar de não dispensar o controle químico, essa cultivar representa importante ferramenta para manejar de forma adequada a principal doença da soja. As pesquisas mostraram também que a variedade produziu 70 sacas por hectare, considerada de elevado potencial produtivo.

Já a BRS 284, desenvolvida em 2009, também tem ciclo precoce e alta produtividade. “Na safra 2017/2018, plantamos uma área de 1.150 hectares com a cultivar BRS 284 e obtivemos uma produtividade média de 84 sacas por hectare”, informou o engenheiro agrônomo da Sementes Jotabasso em Ponta Porã, Edmar Lopes Dantas.

Controle de pragas – Para o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Rodrigo Arroyo Garcia, o cultivo de soja convencional é uma importante estratégia para melhorar o sistema de produção, principalmente nas questões fitossanitárias.“Os herbicidas seletivos, utilizados anos atrás, apresentam boa eficiência no controle de plantas daninhas que estão se tornando problemáticas”.

O produtor rural Guaracy Boschilha Filho, que cultiva soja convencional há 15 anos em Amambai, obteve produtividade de 58 sacas/ha com a cultivar BRS 511. Já com a BRS 284, a produtividade foi 10% menor. “Em função do manejo, tenho menos problemas em relação à buva e ao capim amargoso”.