De acordo com o delegado Guilherme Farias, Adriana foi elo de recebimento de valores.

Presa em operação da PF contra golpes movimentou R$ 1 milhão em 2 meses
Terceira fase da operação Ouro de Ofir foi realizada em 5 de setembro. / Foto: Henrique Kawaminami

A terceira fase da operação Ouro de Ofir, ação da PF (Polícia Federal) que investiga golpes, detectou movimentação bancária de R$ 1 milhão em dois meses na conta de Adriana Aguiar Viana, que se identificou como professora e estagiária. A última etapa foi deflagrada em 5 de setembro e prendeu duas pessoas: Olodoaldo Arruda de Souza, responsável pela operação de crédito que leva o seu nome, e Adriana, que foi esposa de um assessor de Olodoaldo.

De acordo com o delegado Guilherme Guimarães Farias, Adriana foi elo de recebimento de valores. “Acabou sendo presa porque as pessoas depositavam na conta dela. Foi depositado muito dinheiro. Da ordem de R$ 1 milhão em dois meses”, afirma.

No depoimento, Adriana disse que era casada com Carlos Eduardo dos Santos, mas se separou diante da situação e cobrava explicações. A terceira fase tem dois foragidos: Carlos Eduardo e José Messias, apontados como assessores de Olodoaldo.

As pessoas relataram à PF que faziam depósitos na conta de Adriana. Na sequência, entravam numa planilha com a promessa de receber alta quantia de dinheiro. Segundo o delegado, após a primeira fase da operação, realizada em novembro do ano passado, os suspeitos pararam de assinar contrato, que passou a ser usado como prova na investigação.

Portanto, o único comprovante do investimento é o que detalha o depósito bancário. Uma das testemunhas, por exemplo, fez vários depósitos na conta de Adriana, num, total de R$ 10 mil.

Neste modelo, a pessoa compra um aporte, faz o depósito na conta de um terceiro e os dados pessoais, como nome, CPF e endereço entram na planinha para recebimento. Corretor de imóveis Olodoaldo é apontado como “braço direito” de Sidinei dos Anjos Peró, que comandava a operação SAP, as iniciais de seu nome. No depoimento ao delegado, Olodoaldo informou que só falaria em juízo. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Olodoaldo.

Na Justiça – Duas ações na Justiça de Mato Grosso do Sul cobram indenização de Olodoaldo. Uma tramita na 6ª Vara Cível de Campo Grande. Produtor rural do Rio Grande do Sul detalha o pagamento de R$ 6 mil por aportes que resultariam no recebimento de R$ 225 milhões.

O valor foi transferido para a conta de Adriana de Aguiar Viana. A ação também é contra Celso Éder Gonzaga de Araújo e Sidinei. Os dois foram presos na primeira fase da Ouro de Ofir.

A outra ação está na 1ª Vara Cível de Campo Grande. Um músico disse que pagou R$ 2.660 para receber R$ 62 milhões a título de ajuda humanitária. O grande negócio foi apresentado por um “irmão de fé”, frequentador da mesma igreja.

Foram quatro depósitos entre os dias 5 de setembro e 11 de novembro do ano passado. Do total, foram R$ 550 na operação Olodoaldo, que resultaria em R$ 10 milhões. O processo também é contra Celso Éder. A defesa dele pede a extinção do processo.

“Vemos que no caso em tela não há qualquer ligação jurídica do requerente com o requerido Celso Éder, visto que nenhum dos depósitos que se acosta nos autos foram realizados para sua conta pessoal e/ou para qualquer conta de empresa de sua propriedade”, informa a defesa à Justiça.

Vítimas - A primeira fase foi deflagrada em 21 de novembro de 2017, com as prisões de Sidinei, Celso Éder e Anderson Flores de Araújo. Os dois últimos eram responsáveis pela operação Au Metal.

Nesta etapa, a polícia apontou 25 mil vítimas. Com o prosseguimento das investigações, a PF calculou que são 60 mil vítimas em golpes similares ao da SAP e Au Metal. Os três seguem presos.

Em 18 de abril deste ano, a segunda fase da Ouro de Ofir prendeu, em Brasília, Sandro Aurélio Fonseca Machado. De acordo com a investigação, ele se apresentava como sobrinho do ex-presidente José Sarney e emitiu cheques sem fundos com valor de R$ 2 bilhões.

A Ouro de Ofir investiga organização criminosa que vende ilusão: a existência de uma suposta mina de ouro cujos valores, repatriados para o Brasil, são cedidos, vendidos ou até mesmo doados mediante pagamento.

Para repatriação, 40% de uma altíssima soma de dinheiro ficaria com o governo federal, 40% doado como ajuda humanitária e 20% para a família de Celso Eder Gonzaga de Araújo, que também está preso. Em geral, o investimento inicial era de mil reais para um resgate financeiro futuro de R$ 1 milhão.