Marquinhos Trad disse que outras cidades escolhidas pelo Ministério do Desenvolvimento Regional tinham mais apoio.

Prefeito culpa CDL e 3 vereadores pelo fracasso de projeto em hotel
Proposta poder ser reapresentada, mas por enquanto, vai ficar na projeção de mudança da fachada de hotel, segundo informação dada pelo prefeito Marquinhos Trad. / Foto: Divulgação

Foi a campanha contrária, vinda de parte da classe comercial em Campo Grande e de parcela dos vereadores, que “desmotivou” o MDR (Ministério do Desenvolvimento Regional) a escolher Campo Grande para receber recursos do programa Pró-Moradia, para serem usados especificamente no reúso de prédios desocupados há muito tempo, como a prefeitura queria fazer com o Hotel Campo Grande. Quem disse isso foi o prefeito Marquinhos Trad (PSD), citando diretamente a CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas) e três parlamentares: André Salineiro (PSDB), Vinícius Siqueira (DEM) e Lívio Leite (PSDB).

Ao confirmar nesta manhã que Campo Grande ficou de fora da escolha, Marquinhos afirmou que em “razão daquele movimento da CDL e da Câmara eles estão esperando”. Depois completou  sobre o projeto, que está “praticamente descartado". Na definição dele, "o hotel vai continuar fechado”.

“O MDR (Ministério de Desenvolvimento Regional) ficou desmotivado com reação da CDL e dos vereadores Salineiro, Vinícius Siqueira e Lívio”, relatou o prefeito.

Nesta segunda-feira 16), Marquinhos havia informado que a escolha do Ministério tinha sido por projetos de São Paulo (SP), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR). Hoje, acrescentou João Pessoa (PB) e Natal (RN).

“Eram 17 competindo e eram cinco vagas”, afirmou. O prefeito disse, ainda, que nas outras cidades, havia “apoio de todas as câmaras, dos deputados, com tudo assinado”.

Os três vereadores citados foram ouvidos pela reportagem e rebateram a afirmação do prefeito. Vinicius Siqueira disse que a Câmara é "reflexo" do que pensa a população. Segundo ele, "nas redes sociais e nos bairros", a ideia foi rejeitada.

Livio Leite, por sua vez, disse que se não houve aprovação, não é responsabilidade da Câmara. Na avaliação dele, a proposta foi feita às pressas e com certeza haviam outras "mais viáveis". André Salineiro, por fim, alegou nem ter se posicionado a favor ou contra. Segundo ele, apenas foram solicitados "mais elementos" para decidir se compensava o investimento e não foram apresentados. 

A reportagem pediu o posicionamento da CDL, que ainda não se manifestoua  respeito da fala de Marquinhos Trad.

Polêmico desde sempre – Desde que veio a público, em agosto, a proposta teve apoiadores, mas também muitas críticas negativas. Chegou a ser dito que se faria no prédio do fim dos anos 1960 um "favelão urbano".

Orçado em R$ 38 milhões, o projeto previa unidades habitacionais, com menos de 30 metros quadrados. No térreo, conforme a ideia, seria montado setor de atendimento da prefeitura, além de base da Guarda Municipal no Centro.

A maquete projetada tem a figura do poeta Manoel de Barros na fachada em concreto aparente do hotel. O nome seria "Menino do Mato", titulo de uma das últimas obras do escritor falecido em 2014.

Dos R$ 38 milhões pleiteados, R$ 25 milhões seriam destinados para as obras arquitetônicas e R$ 13 milhões para pagamento da desapropriação do prédio. A verba toda seria do Pró-Moradia, que tem a linha chamada Retrofit, justamente para projetos arquitetônicos envolvendo prédios abandonados em centros urbanos.

A reportagem apurou que as informações exatas ainda estão sendo buscadas pela prefeitura, inclusive para saber se existe outra "janela" para apresentar a proposta futuramente.