Outono e inverno são marcados por baixa umidade e estiagem, que aumentam ocorrências de problemas respiratórios.

Por que o tempo seco é prejudicial à saúde? Veja dicas para amenizar problemas
Umidificador é aliado em dias de tempo seco, mas toalhas molhadas e bacias com água também podem ser usadas. / Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado

O tempo extremamente quente e seco, típico do inverno sul-mato-grossense, predomina sobre o Estado e os baixos índices de umidade relativa do ar, que podem ficar abaixo de 15%, preocupam, devido a ser altamente prejudicial à saúde, principalmente para pessoas que sofrem de problemas respiratórios pré-existentes.

A situação também é preocupante devido ao aumento de queimadas. Com a falta de chuvas, há o potencial aumento de focos de calor e de incêndios florestais, comumente visto no Pantanal.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), um nível considerado aceitável de umidade deve estar acima de 30%, abaixo disso já é prejudicial a saúde.

Especialistas orientam que a população tome medidas para amenizar a secura, fique atenta aos sintomas e procure ajuda médica caso necessário.

Por que o ar seco é prejudicial?
Quando o nível de umidade fica muito baixo, a produção das mucosas das vias aéreas fica comprometida, havendo o ressacamento, com redução da hidratação dos pulmões e o corpo fica mais suscetível a entrada de agentes nocivos externos.

Este ressecamento pode causar sintomas em todas as pessoas como sangramento pelo nariz, ressecamento da pele, irritação nos olhos, além de eletricidade estática nas pessoas e equipamentos eletrônicos.

Além disso, o tempo muito seco pode causar ou agravar problemas respiratórios e crônicos, como asma, bronquite e sinusite, por exemplo.

Segundo o médico pneumologista Ronaldo Perches Queiroz, a baixa umidade deve continuar por cerca de dois meses.

“Estamos vivendo uma época, até setembro ou outubro, onde teremos uma baixa umidade do ar e essa baixa umidade acaba agredindo as vias aéreas e podem os problemas respiratórios surgirem de uma forma mais intensa”, explicou.

Segundo o pneumologista, este período também é sazonal de surgimento de gripes e resfriados comuns, além da pandemia do coronavírus, sendo necessário que a pessoa procure o médico ao apresentar sintomas para fazer a diferenciação de resfriados da Covid-19.

“Doenças crônicas como asma, bronquite e rinite, a baixa umidade pode provocar crises, chamamos de processos de aglutização ou de exarcebação. Então os pacientes que estão eventualmente controlados, neste período de baixa umidade, tem um risco maior de entrar em crise de asma, piorar sua rinite. Até os pacientes portadores de  DPOC – doença pulmonar obstrutiva crônica, podem desenvolver, na baixa umidade, infecções respiratórias e, provocando nos portadores de enfisema, por exemplo, um agravamento da doença”, explicou.

Para as pessoas que tem essas doenças, orientação é procurar o médico pneumologista para ajustar o tratamento e evitar crises ou tratamentos mais intensos e até hospitalares.

Queimadas
Tempo extremamente seco a falta de chuvas também favorecem a ocorrência de incêndios em florestas.

Outono e inverno historicamente são estações com menores índices de chuva e com umidades mais baixas, que são potencializadores das queimadas, vistas anualmente nesta época no Pantanal, por exemplo.

Nas áreas urbanas também há aumento de queimadas, especialmente em áreas de vegetação.  

Com o ar seco, falta de chuva e pouco vento, típicos das estações, aumenta a concentração de poluentes no ar, como fumaças de queimadas e até poeira, o que aumenta, consequentemente, o risco de entrada de corpos estranhos no organismo, que já está mais suscetível devido ao ressecamento das mucosas.

Além da questão da saúde, também há a preocupação com a destruição da fauna e flora.

Sem previsão de mudança no tempo para a primeira quinzena, a tendência de aumento nos focos de incêndio pelo menos até setembro.

Como amenizar os problemas e diminuir a secura do ar?
Conforme Queiroz, muito do que se fala sobre aumentar a imunidade para evitar crises ou problemas respiratórios é “folclórico” e a orientação é sempre manter uma vida saudável, evitar aglomerações e ingerir bastante líquidos.

“As pessoas que tem boa saúde, a imunidade já existe e são as condições externas que acabam agravando as doenças”, disse.

A hidratação é a recomendação principal pois, manter o corpo hidratado é uma forma de também manter as defesas do organismo contra vírus, bactérias, poeira e fungos. 

O médico também recomenda que o uso de um umidificar em ambientes como sala e quarta, ou o uso de bacia com água embaixo da cama e toalha molhada na janela, para aumentar o índice de umidade no ambiente.

Para quem tem problemas respiratórios crônicos, fazer inalação regularmente ajuda, e para quem não sofre das síndromes, dica é molhar as narinas com frequência para amenizar a secura.

Veja dicas de especialistas para cada índice de umidade:
Entre 30% a 20% – Estado de atenção

Evitar exercícios físicos ao ar livre entre as 11h e 15h.
Umidificar o ambiente através de vaporizantes, toalhas molhadas, recipientes com água.
Sempre que possível permanecer em locais protegidos do sol.
Beber bastante água.
Entre 20% a 12% – Estado de alerta

Observar as recomendações do estado de atenção.
Suprimir exercícios físicos e trabalho ao ar livre entre 10h e 16h.
Evitar aglomerações em ambientes fechados.
Usar soro fisiológico nos olhos e narinas.
Abaixo dos 12% – Estado de emergência

Observar as recomendações do estado de atenção.
Determinar a interrupção de qualquer atividade ao ar livre entre as 10h e 16h como aulas de educação física, coleta de lixo, entrega de correspondências, entre outras.
Determinar suspensão de atividades que exijam aglomerações de pessoas em recintos fechados com aulas, cinemas, entre as 10h e 16h.
Durante as tardes, manter com umidade os ambientes internos, principalmente, quarto de crianças, hospitais etc.

Cuidados com a pele
A pele também sofre com o tempo seco e deve ter uma atenção especial na rotina de cuidados diários.

Assim como no caso dos problemas respiratórios, a hidratação é primordial para manutenção do viço e da integridade da camada de proteção cutânea, para evitar descamação, ressecamento, envelhecimento precoce, irritações e infecções.  

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, o processo de hidratação deve ser interno, com a ingestão de no mínimo dois litros de água por dia, e por fora, com uso de hidratantes para a pele, rosto e lábios.

No inverno é comum a amplitude térmica, com temperaturas mais baixas pela manhã e noite e calor à tarde, o que torna comum os banhos quentes, que também devem ser evitados, pois podem alterar a saúde da pele.  

Protetor solar é indispensável, mesmo quando a pessoa não sai de casa.