Por Lucas: sub-17 da Portuguesa volta a campo após morte de jogador
Lucas foi encontrado morto na piscina do Canindé na quinta-feira passada / Foto: Arquivo pessoal/Débora Figueiredo

Os jogadores da equipe sub-17 da Portuguesa realizarão o sonho que Lucas Jesus dos Santos não teve tempo de cumprir: jogar no Canindé. Nesta quarta, às 11h (de Brasília), contra o Diadema, a Lusa voltará a campo pela primeira vez após a morte do jovem zagueiro de 16 anos, encontrado morto na piscina do clube após ter sofrido congestão. Os garotos jogarão por Lucas. Inclusive carregarão o amigo na pele, já que fizeram uma camisa especial em homenagem a ele.

– É uma situação muito delicada. Estamos vivendo dois extremos. Estávamos em êxtase pela vitória, essa conquista de chegar às quartas. Em um piscar de olhos, fomos para o luto, uma tristeza irreparável. É um choque de emoções muito grande. Estamos buscando reconstrução psicológica, emocional. Os meninos estão muito motivados a lutarem pelo resultado, pela classificação, pelo Lucas – diz Carlos Miranda, o treinador da equipe sub-17.

Lucas foi encontrado morto na quinta e enterrado na sexta-feira. Para o sábado, o técnico tinha cancelado o treinamento, porém os jogadores pediram para não adiar a atividade, já que queriam fazer o que o jovem zagueiro mais gostava: jogar futebol. No domingo, o técnico pediu para que ficassem com suas famílias, reforçando o discurso de brevidade da vida e valorização dos próximos que passou a tomar após a fatalidade.

– Eu achei tão forte isso da parte deles. Eu não tinha forças para poder dar treinamento. A palavra deles foi como um alento. Falei para eles sobre voltarmos ao nosso foco. Quando rola a bola, ela envolve, contagia. Eles trabalharam muito bem, tanto no sábado quanto na segunda. Não transparecem qualquer situação que eu possa enxergar que seja pesada para eles. Não sei da individualidade, em casa. Estou muito feliz por eles, demonstraram muita força e maturidade – afirma Miranda.

Nesta quarta, no Canindé, além da camisa especial a Lucas, o avô do garoto entrará com os jogadores em campo. Seu Ivan, torcedor fanático da Portuguesa, criou o jovem zagueiro desde a sua infância, já que a mãe, com dificuldades financeiras, teve que voltar ao Nordeste.

– Falar do Lucas é motivo de alegria. Ele cresceu nesse ambiente objetivando um dia vestir a camisa da Portuguesa. Trazemos essa marca de quem sonha e alcança o objetivo. Ele era um menino feliz, alegre. Não podemos falar sobre ele olhando a perda, mas sobre um menino excepcional, que conquistou tudo pelos seus próprios méritos – finaliza Carlos Miranda.