Presos defecando em sacolas plásticas e em embalagens de marmitex, superlotação, estrutura comprometida e ameaças constantes de rebelião, esta é a realidade da Delegacia de Polícia Civil de Chapadão do Sul.

As celas, com capacidade para 12 presos, hoje abrigam 41 e esse é apenas o começo do problema. Com falhas diárias no abastecimento de água da delegacia e também com privadas entupidas, os detentos escolhem fazer as necessidades fisiológicas em sacos plásticos e nas embalagens das marmitex que recebem. Sobra para os investigadores recolherem as fezes e jogá-las no lixo.

De acordo com o delegado titular da cidade, Danilo Mansur, outro problema enfrentado é a estrutura da delegacia, todas as paredes e também o teto apresentam rachaduras, comprometendo a segurança dos policias e dos presos. “Aqui só não foge porque não quer”, afirma.

A situação piora com os vários inícios de rebelião dentro da delegacia. “Há mais ou menos três meses eles ameaçaram quebrar a parede para fugir. Semana passada aconteceu à mesma coisa, essas ameaças acontecem quase todos os dias”, relata Mansur, que mais de uma vez precisou chamar a Polícia Militar para ajudar a controlar a situação.

Além disso, os presos também se queixam da alimentação e da falta de espaço dentro das celas.

Superlotação

O delegado explica que inicialmente as celas tinham capacidade para oito pessoas. Com o tempo outras duas celas foram construídas do lado de fora da delegacia, uma para mulheres e outra para adolescentes, o que aumentou a disposição para 12 pessoas e infelizmente não acontece.

Segundo Mansur, há aproximadamente três meses o Ministério Público do Estado e a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul entraram com uma ação civil pública para interditar a prisão. Em tese, isso faria com que, se passasse dos 12 presos, o 13º seria imediatamente transferido.

Mesmo com o juiz aprovando a liminar, o Estado recorreu ao processo e derrubou a decisão. “Agora temos que abrigar quantos presos couber aqui”, alega Danilo. Os suspeitos só podem ser transferidos, ou liberados, depois da condenação em júri, neste tempo, muitas vezes longo, eles permanecem na delegacia.

“Durante a noite, apenas um plantonista fica na delegacia, a qualquer emergência ele é o responsável por ir até o local ou do crime, ou do acidente, e aí ficam 41 presos sozinhos aqui”, revela o delegado, que conta com uma equipe de sete investigadores e três escrivães.

“Precisamos que eles sejam transferidos para os presídios. Isso aqui é uma bomba relógio e pior é que coloca a segurança do policial e de todos em risco” conclui o delegado.