Com o aval da Justiça, grupo de delegados passa a acompanhar o caso e apura supostos desvios de conduta por parte de encarregados pelo inquérito

Polícia Federal ganha acesso ilimitado à investigação das mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes
Carro usado na reconstituição do assassinato: investigação já dura nove meses / Foto: Ricardo Cassiano / Agência O Globo

A Justiça do Rio concedeu à Polícia Federal (PF) acesso irrestrito ao inquérito da Polícia Civil sobre o assassinato, em março, da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. A PF entrou no caso a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, com o objetivo de apurar supostas tentativas de agentes públicos para atrapalhar a investigação.
 
Preso numa penitenciária federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte, o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando de Curicica, foi ouvido nesta sexta-feira por três delegados da PF. Considerado uma peça fundamental na investigação, ele, em entrevista concedida no mês passado ao GLOBO, questionou a isenção da Polícia Civil para resolver o caso. Na ocasião, Orlando reafirmou o que havia dito em um depoimento ao Ministério Público Federal — acusou a Divisão de Homicídios (DH) de receber propina da contravenção para não concluir inquéritos.

Nesta sexta, o “Jornal Nacional”, da Rede Globo, mostrou trechos do depoimento de Orlando ao Ministério Público Federal. Em um deles, o miliciano acusou o delegado Rivaldo Barbosa, chefe da Polícia Civil e ex-titular da Divisão de Homicídios, de já ter recebido uma propina de R$ 300 mil.