Em 2000, o mundo comprometeu-se a reduzir pela metade o número de pessoas vivendo em extrema pobreza, o que resultou, nos anos seguintes, em ganhos notáveis em desenvolvimento humano.

A erradicação da pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares, é peça-chave para o cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Em 2000, o mundo comprometeu-se a reduzir pela metade o número de pessoas vivendo em extrema pobreza, o que resultou, nos anos seguintes, em ganhos notáveis em desenvolvimento humano.
Até 2015, a pobreza havia sido reduzida significativamente, o acesso ao ensino básico e os resultados da saúde melhoraram, bem como houve progresso na promoção da igualdade de gênero e no empoderamento das mulheres e meninas.
No entanto, a erradicação da pobreza extrema continua a ser um desafio, com mais de 700 milhões de pessoas vivendo, globalmente, com menos de 1,90 dólar por dia e mais da metade da população global vivendo com menos de 8 dólares por dia.
É nesse contexto que as metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 1 – Erradicação da Pobreza estabelecem "planos de ação" para que todas as pessoas tenham acesso a uma renda básica que garanta uma vida digna e de qualidade para todas e todos, segundo especialistas ouvidos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
"A pobreza é um tema transversal. Certamente, ela está ligada a outros fatores que influenciam o alcance do desenvolvimento sustentável, como o acesso à água potável e saneamento, energia e saúde de qualidade, por exemplo", disse o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Pedro Herculano de Souza.
"As metas do ODS 1 estabelecem esse compromisso de olharmos para aqueles que estão em pior situação. No entanto, as metas são só o início.
Elas dão os horizontes do que os países têm que fazer. Mas elas não são a palavra final em si mesmas", completou.
De acordo com o pesquisador do IPEA, o aumento da população global vivendo em áreas urbanas demanda mais recursos para acesso a serviços básicos em diferentes áreas.
"A renda é muitas vezes a necessidade mais vital das famílias. A população urbana cresce cada vez mais e, para ter acesso a quase tudo, as famílias precisam de dinheiro.
Sem renda suficiente, as famílias moram em casas inadequadas, têm baixo acesso a bons serviços de saúde e, consequentemente, sofrem mais, o que vai na contramão do desenvolvimento sustentável", disse Souza.
No âmbito da Agenda 2030, a coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Humano do PNUD, Samantha Salve, lembrou que conexão entre as 169 metas também é fator relevante para o alcance do desenvolvimento sustentável.
"Pessoas em situação de extrema pobreza vivem também insegurança alimentar, falta de acesso à saúde, abandono escolar e enfrentam desigualdades", disse.
"No aspecto ambiental, sabe-se que a pobreza está ligada à ocupação irregular do solo e da água, à falta de acesso à moradia, entre outros problemas.
Fica evidente aqui também o caráter holístico da Agenda 2030 e a necessidade de compreender que os desafios que temos pela frente são complexos e interligados e, por isso, demandam políticas públicas integradas para o desenvolvimento humano sustentável", explicou Samantha.
Dados desagregados
A existência de uma base de dados desagregados por sexo, raça, renda, longevidade, entre outros aspectos, também é destacada como ferramenta para a promoção de políticas públicas que fortalecem o monitoramento dos ODS.
"Podemos falar, por exemplo, do percentual de pobreza no Brasil. Mas quem são essas pessoas? Desagregando os dados podemos focalizar melhor as políticas públicas e ações sociais de maneira que ninguém seja deixado para trás no processo de desenvolvimento.
A desagregação dos indicadores de monitoramento dos ODS permite perceber quais são os grupos sociais que se encontram em maior vulnerabilidade", afirmou Samantha.
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