Diante da lacuna, Etienne anunciou o lançamento de uma plataforma para tornar a região cada vez menos dependente da importação de imunizantes.

Plataforma da OPAS impulsiona produção regional de vacinas contra a COVID-19 nas Américas

A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne, afirmou que a grave escassez de vacinas contra a COVID-19 na América Latina e no Caribe é um "alerta" para a necessidade de incentivar a produção regional de vacinas.

Diante da lacuna, Etienne anunciou o lançamento de uma plataforma para tornar a região cada vez menos dependente da importação de imunizantes.

"Esta semana, a OPAS lançará uma plataforma para impulsionar os esforços regionais de fabricação de vacinas, começando com a primeira de uma série de reuniões para promover uma maior coordenação entre os países e recrutar parceiros dos setores público e privado para transformar essa ideia em realidade", disse Etienne, na coletiva de imprensa semanal da OPAS.

Etienne ressaltou que "a produção limitada e a distribuição desigual de vacinas" comprometem a resposta à pandemia da região e "colocam a saúde pública em risco muito alto".

A dependência das importações torna a América Latina e o Caribe mais vulneráveis.

"Nossa região importa 10 vezes mais produtos farmacêuticos do que produzimos."

"Acredito que a atual crise de vacinação contra a COVID-19 deve ser um alerta de que devemos expandir a produção farmacêutica regional para que possamos estar no comando de nossas próprias respostas à pandemia", acrescentou.

Primeiros passos líderes de instituições financeiras globais, governos e agências de saúde pública se reunirão para discutir a plataforma, que promoverá pesquisas e incentivará o desenvolvimento e a fabricação de tecnologias de saúde.

Etienne observou que "a OPAS já está liderando iniciativas para ajudar a reduzir nossa dependência das importações de produtos farmacêuticos".

A OPAS está trabalhando com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e parceiros para trazer a tecnologia de vacina de mRNA altamente eficaz para a região.

Até o momento, mais de 30 empresas e instituições públicas e privadas expressaram o desejo de participar da transferência de tecnologia e a OPAS está no "processo de identificação das propostas mais promissoras", disse Etienne.

O objetivo é aproveitar a capacidade de produção existente que poderia contribuir para a fabricação de vacinas de mRNA nas Américas.

O princípio é que a fabricação deve beneficiar toda a região, com produção farmacêutica regional e distribuição das vacinas pelo Fundo Rotatório da OPAS a todos os países.

Carência de vacinas - Apenas 23% das pessoas na região foram totalmente vacinadas e, em muitos países, a cobertura é muito menor.

"Assim como os fabricantes se adaptaram rapidamente para produzir alguns dos EPIs e ventiladores de que nossa região precisava no início da pandemia, devemos trazer o mesmo espírito de colaboração para a produção de vacinas na região", afirmou a diretora da OPAS.

Observando que o investimento é fundamental, Etienne disse que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Banco Mundial e outros parceiros expressaram o desejo de ajudar a região a expandir sua produção farmacêutica.

"Os valores de pan-americanismo e solidariedade da região podem nos ajudar a fortalecer a produção farmacêutica", alegou a diretora da OPAS.

"Os investimentos que fazemos hoje não apenas nos ajudarão a superar essa pandemia mais rapidamente, mas também estabelecerão as bases para lidar com futuras crises de saúde, de modo que não tenhamos tempo a perder".

Referindo-se à crise no Haiti após o terremoto de 14 de agosto, Etienne disse: "A OPAS continua a distribuir suprimentos médicos muito necessários e está trabalhando em estreita colaboração com o Ministério e as equipes de emergência no local".


"Também estamos coordenando com o Ministério da Saúde a implantação de Equipes Médicas de Emergência. Até agora, sete dessas equipes foram implantadas, mais quatro devem chegar e outras estão em espera", revelou.

Mais de 1,5 milhão de novos casos e quase 20 mil mortes relacionadas à COVID-19 foram notificadas nas Américas na semana passada.

Os EUA, México e Brasil registraram o maior número de casos. Muitos países da América Central, incluindo Belize, Guatemala e Honduras, estão experimentando um aumento nas infecções por COVID-19.

Jamaica, Porto Rico e ilhas menores do Caribe, como São Vicente e Granadinas e Dominica, notificaram aumentos acentuados em novas infecções e mortes.

"Embora as hospitalizações continuem diminuindo em grande parte da América do Sul, as infecções continuam altas, por isso pedimos aos países que continuem atentos a novos surtos", finalizou Etienne.