Pisca-pisca: roupas das ginastas levam até 15 mil pedras preciosas de grife
Natalia Gaudio se apresentou ao som de " Cidade Maravilhosa " com as cores do Brasil / Foto: REUTERS/Mike Blake

Não bastasse todo o treino, dedicação e precisão para executar cada movimento com os aparelhos, as ginastas ainda precisam cumprir uma outra obrigação para agradar os juízes durante a prova: estarem bonitas e elegantes. Todas as atletas capricham na maquiagem, mas são as roupas - ou collants - que chamam mais atenção enquanto estão no tablado. Com belas cores e normalmente brilhantes, as peças reluzem e parecem piscar durante as apresentações e são mais um motivo para encantar o público.

- As pedras fazem toda a diferença na peça, mesmo quando estão localizadas apenas em alguns detalhes. Conforme as atletas se movimentam no embalo da coreografia, as pedras dão um efeito visual de brilho muito interessante e que torna todo o espetáculo ainda mais bonito - explicou a estilista Marjolie Melo.

Porém, não imagine que se trata apenas de beleza e da vaidade das ginastas. A elegância do vestido, além da aparência no geral, como a maquiagem, também contam pontos. Um collant fora dos conformes, por exemplo, não aderente ao corpo, muito cavado ou com a bandeira do país nas dimensões incorretas causam penalidade de 0,30 pontos à atleta. Por isso, todo cuidado é pouco na hora de confeccionar a vestimenta e elas abusam mesmo das pedras preciosas. Algumas peças chegam a ter 15 mil pedrinhas, como explica Marjolie.

- A elaboração de um collant envolve um grande trabalho feito sob medida e que influencia no custo final dessas peças. O material utilizado é também cuidadosamente selecionado, desde tecidos com boa elasticidade - que deem liberdade aos movimentos - até penas e pedras preciosas de grandes grifes, que são bordados à mão. Alguns collants levam em média de 5 a 8 mil pedras, mas podendo chegar a 15 mil pedras preciosas. Sobre os tecidos em si, eles precisam ter muita elasticidade para dar essa liberdade aos movimentos e mais conforto - disse a estilista.

Assim como em uma peça teatral, o conjunto da obra é muito bem pensado. A roupa das ginastas não é escolhida ao acaso, apenas por beleza. Tudo tem que combinar: a música, a cor dos aparelhos... Na sexta-feira, durante a apresentação solo de Natália Gaudio, a brasileira vestiu um collant em verde, amarelo e azul, as cores da bandeira do Brasil. Seu aparelho, a fita, era das mesmas cores, e a música escolhida foi "Cidade Maravilhosa". A harmonia entre a canção e a estética da ginasta levantou o público na Arena Olímpica do Rio.

Na Olimpíada, Natália usou quatro diferentes peças de roupa - uma para cada apresentação. Com mais de quatro mil pedra preciosas em cada um dos collants, a brasileira revelou o custo altíssimo de confeccionar as peças para uma competição tão especial.

- Eles (collants) foram todos feitos na Europa, custam em torno de €1500 (cerca de R$5.400) porque são todos feitos de pedras preciosas. É todo feito a mão, um trabalho muito delicado e muito demorado e faz toda a diferença na hora da apresentação. Se você entrar com um collant bonito já muda os olhares dos árbitros e do público. Acho que ajuda bastante - explicou a brasileira