PF investiga supostas agressões a indígenas em fazendas de MS
Equipes da PM e da PF interviram na área de conflito no sábado (19), em Paranhos. / Foto: Divulgação/PM

A Polícia Militar confirmou nesta segunda-feira (21) que dois índios foram feridos por arma de fogo durante conflito na fazenda Ouro Verde, zona rural de Paranhos. Capatazes teriam atacado grupo que ocupa área dentro da propriedade há 3 meses, mas funcionários negam violência, segundo a Polícia Militar (PM). Em Iguatemi, disputa de terras também é tensa. Polícia Federal (PF) investiga casos.

O G1 entrou em contato com a Fundação Nacional do Índio (Funai) para comentar a situação, em Paranhos, mas até o fechamento desta reportagem não obteve retorno. Equipes da Força Nacional estão na propriedade em cinco viaturas desde o último sábado (19) para reforçar a segurança e impedir novos conflitos.

Os conflitos ocorreram no sábado por volta das 5h30 (de MS) entre cerca de 50 índios e aproximadamente 30 funcionários da fazenda, responsáveis por fazer a segurança das terras. Segundo denúncias, na ocasião, índios estariam armados com foguetes, arco e flecha e facões e capatazes da fazenda com armas de fogo. PM e PF estiveram no local e encontraram várias cápsulas de arma de fogo.

De acordo com as investigações, um dos índios, de 55 anos, teve ferimentos no abdômen e o outro, de 33 anos, no braço. Os militares informaram ao G1 que o primeiro é líder da aldeia Propeu Guassu, que fica na divisa da propriedade e da qual o grupo de ocupantes faz parte. O major Josafá Dominoni disse que os policiais precisaram socorrê-lo na aldeia pois ele dizia temer ser atacado novamente por jagunços.

"Ele estava escondido na aldeia e não queria ir para o hospital. Ele falava que tinha medo de ser morto por jagunços lá dentro [do hospital]. Durante o socorro nós escutamos barulho de confusão", contou. Os dois indígenas foram encaminhados para o hospital municipal da cidade.

Os funcionários da propriedade alegam que os responsáveis por ferir os dois índígenas foram índios do mesmo grupo e negaram violência, segundo o major. Eles registraram boletim de ocorrência onde acusam os índios de furto de gado e informam a morte de três animais bovinos próximo a sede da fazenda.

O grupo que ocupa parte da área rural próxima a um rio também fez denúncia contra os funcionários por ataque. O local ocupado por eles, segundo a PM, é resultado de um acordo entre índios e o dono da fazenda, no qual fica proibido o avanço além dos limites combinados.

Iguatemi
Em Iguatemi, a 451 quilômetros de Campo Grande, a Polícia Federal (PF) investiga um ataque a indígenas em uma propriedade na sexta-feira (18). A Funai de Ponta Porã informou que 15 homens encapuzados entraram na fazenda e amarraram 26 índios. O Departamento de Operações da Fronteira (DOF) estava no local e negou o ataque. A PM do município também negou o a denúncia.

De acordo com relatos aos policiais, uma indígena teria sido estuprada pelos homens. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso, a mulher foi ouvida, passou por exames, mas a violência não foi confirmada, segundo informações da PM.