Policiais fizeram operação no local na manhã desta quarta-feira, em busca das armas de fogo que estariam sendo utilizadas pelo grupo, mas elas não foram encontradas.

PF investiga suposta
Delegado da Polícia Federal Fernando Rocha Rodrigues da Silva comandou a investigação / Foto: Anderson Viegas/G1 MS

A Polícia Federal está investigando a atuação de um suposto grupo armado, uma espécie de "milícia" que atuava na aldeia urbana Água Bonita, em Campo Grande. Os integrantes seriam todos indígenas e estariam tentando controlar por meio da truculência a comunidade, além de extorquirem outros moradores fazendo ameças e abusando da violência.

Na aldeia vivem aproximadamente 192 famílias de cinco etnias indígenas: terena, guarani, kaiowá, kadiwéu e guató, além de não indígenas. Na manhã desta quarta-feira (17), 32 policiais federais foram até a comunidade para cumprir quatro mandados de busca e apreensão. O objetivo, segundo o delegado Fernando Rocha Rodrigues da Silva, era tentar apreender as armas que estariam sendo usadas por esse grupo e pacificar a comunidade.

A ação chamada de "Águas Turbulentas", em razão da agitação que o grupo estaria promovendo na aldeia Água Bonita, durou cerca de 1 hora, terminando por volta das 7h. Foram feitas buscas em quatro casas de supostos integrantes do grupo, com idades entre 39 e 67 anos. Não foram encontradas as armas de fogo denunciadas.

O delegado diz que originalmente seriam cinco alvos da ação, mas o principal, que seria o ex-cacique Nilton Nelson, suspeito de comandar o grupo, morreu de causas naturais em abril deste ano.

A investigação, conforme Fernando Rocha, começou em março de 2016, a partir de várias denúncias de indígenas que são moradores da aldeia. Conforme o delegado, foram registrados pelo menos quatro boletins de ocorrência contra integrantes do grupo, apontando desde agressões contra mulheres até a expulsão de famílias do local.

O delegado diz que as supostas vítimas já ouvidas, cerca de cinco pessoas. Elas relataram que o principal foco de atuação dessa espécie de 'milícia' era controlar a aldeia, indicando, por exemplo, quem poderia viver no local e em qual área e ainda cobrando um tipo de taxa dos moradores.

Fernando Rocha diz que a PF ainda investigará se o grupo teve algum tipo de influência na escolha dos moradores que vão receber casas que estão sendo construídas na aldeia por meio de um programa habitacional do Poder Público.

O próximo passo da investigação do caso, segundo o delegado, será ouvir os quatro suspeitos de integrarem o grupo. A previsão, conforme ele, é concluir o inquérito em dois ou três meses.