Mulher diz que não tinha intenção de bater na menina, mas teria perdido a cabeça com resposta considerada irônica

"Perdi as estribeiras", justifica mulher que agrediu menina de 12 anos
Segundo a mãe do garoto, ele fraturou o dedo médio da mão esquerda / Foto: Viviane Oliveira

“Eu perdi as estribeiras”, justificou a esteticista de 33 anos que foi parar na delegacia, ontem, depois de agredir uma estudante de 12 anos, dentro da sala de aula. A mulher disse que não tinha intenção de bater na menina quando foi procurá-la, mas “perdeu a cabeça” ao receber resposta irônica.
 
Ontem, por volta das 9h, ela recebeu telefonema da coordenação da escola municipal Professor José de Souza, no bairro Buriti, avisando que o filho de 12 anos havia se desentendido com outra aluna, machucado o dedo e estava com muita dor.

Ao chegar à escola, o filho contou que a confusão começou no fim do recreio, na fila para entrar na sala de aula. “Ele deu um passo para trás e acabou pisando no tênis dela, branco”. A menina gritou “ai, meu tênis” e “grudou no meu filho”. Foi nesse momento que ela teria machucado o dedo médio da mão esquerda dele.

Para se livrar da torção, o garoto contou que se virou e desferiu um tapa no rosto dela. As inspetoras separaram as crianças.

Antes de sair, perguntou qual seria a punição para a menina e soube que ela levaria uma advertência verbal. “O quê? Vou perder um dia de serviço, meu filho machucado e ela que agrediu vai levar uma advertência verbal?”.

A esteticista resolveu procurar a garota, que estuda no 9º ano com outro filho dela, de 15 anos. Entrou na sala de aula e a viu no fundo. “Foi você quem machucou o dedo do meu filho?”. Segundo ela, a garota teria rido e respondido ironicamente: “Foi”.
 
Na confusão, outra menina caiu no chão e bateu a cabeça. Os alunos tentaram ajudar a estudante agredida. A guarda municipal foi acionada para retirar a mulher da sala. Os pais das duas garotas foram chamados e o caso foi parar na delegacia.

Enquanto estava na delegacia, o menino foi levado pelo padrasto para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Leblon, sendo orientado a ir para a unidade na Vila Almeida para exame de raios-x. A esteticista diz que foi constatada a fratura no dedo médio e ele foi encaminhado ao CEM (Centro de Especialidades Médicas).

“Jamais passou pela minha cabeça agredir ela”, disse. A intenção, explicou, era dizer que estava levando o filho à unidade de saúde e que qualquer gasto que tivesse com medicamento iria levar aos pais dela, para ressarcimento.

Retorno – O menino disse à reportagem que não era amigo da menina, mas a conhecia e sempre faziam o mesmo trajeto da escola para a casa.

A esteticista não tem intenção de transferir os filhos da escola depois do ocorrido e acha que o episódio pode servir de lição. “Ela vai pensar duas vezes antes de fazer o filho dos outros de saco de pancada”.

O caso está sendo investigado na Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), que apura se a lesão sofrida pelo garoto e na DEPCA (Delegacia de Proteção à Infância e Adolescência), que investiga a agressão da mãe dele contra a menina.