Em meio a tantos boatos sobre o processo de emagrecimento da cantora, nutricionista fala sobre reeducação alimentar e auto cuidado.

Perder peso como a Adele é possível?
Adele postou foto e ganhou enxurrada de comentários falando sobre sua perda de peso. / Foto: Reprodução

Nos últimos dias, a internet ficou novamente surpresa com a perda de peso da cantora Adele, 32 anos. Dona de uma voz premiada, a artista celebrou o aniversário com uma foto e ao invés de parabéns recebeu muita especulação de como teria perdido tanto peso, estimado em 45 kg. 

Segundo os jornais internacionais, uma dieta famosa entre artistas, pilates e exercícios físicos foram a combinação para a perda de peso da cantora. Nem todo mundo acredita que esse roteiro é capaz de mudar o estilo de vida de alguém e até aposta que a artista possa ter recorrido a procedimentos estéticos. 

Porém, ao contrário do senso comum, a nutricionista Annelise Manfrinatti explica que é possível sim perder muito peso com reeducação alimentar e atividade física.  “Existem casos de sucesso no emagrecimento, mesmo de muitos quilos, com reeducação alimentar e exercício físico sim. Mas é importante dizer que não é rápido. Engordar e emagrecer são processos - não acontecem da noite para o dia - e envolvem diversos fatores”, explica Annelise. 

Adele parece ter seguido esse caminho. Desde abril de 2019, quando passou por um divórcio, a cantora mudou hábitos. Segundo o jornal britânico Daily Mail, ela diminuiu o álcool, se dedicou ao pilates e a musculação, adotou a dieta Sirtfood – famosa entre artistas – e em seis meses perdeu 19kg. A tal dieta não tem muito segredo, sendo baseada em alimentos que ativam proteínas benéficas para o corpo, como rúcula, couve, cúrcuma e até chocolate meio amargo.

Apesar do sucesso da cantora, é preciso frisar que nem todo protocolo de emagrecimento funciona para todas as pessoas. “É preciso paciência, constância e escolher boas estratégias que não prejudiquem a saúde. Por isso sugiro que se tenha um acompanhamento nutricional e de um profissional da área de educação física”, frisa a nutricionista. 

Saúde não é sinônimo de magreza

Independente de como a cantora perdeu peso e antes de começar a seguir uma dieta sem orientação, segundo a nutricionista, o ideal é refletir sobre autocuidado e saúde. Nem sempre ser magro significa ter saúde. “A Organização Mundial de Saúde define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade. Em nenhum momento no conceito é mencionado magreza ou peso. Se magreza fosse sinônimo de saúde significa que qualquer um que tivesse com peso adequado estaria imune a ter uma doença, seja ela cardiovascular, colesterol alto, diabetes ou até mesmo Covid-19. E isso não é verdade”, explica. 

Buscar um corpo perfeito a qualquer custo não é levar uma vida saudável. Neste caso, nem mesmo auxilia no emagrecimento. “Corpo perfeito não existe. O que se pode dizer que existe é corpo possível, para a sua genética, rotina, estilo de vida. Querer ter o corpo de alguém pode gerar muita frustração, uma vez que o padrão de beleza imposto socialmente e culturalmente não corresponde ao biotipo da grande maioria da população. Cada um é único”, frisa a nutricionista. 

Ao invés de corpo sem defeitos, o ideal é buscar o bem-estar físico, mental e social, respeitando a individualidade, os limites e sem grande sofrimento, orienta Annelise. 

Ou seja, nada de ficar calculando o IMC (Índice de Massa Corpórea) todo mês, como se isso fosse salvar a sua saúde. “O IMC isoladamente, é apenas mais um dado. Ele é encontrado ao se dividir o peso em kg pela estatura em metros quadrados. O valor encontrado é classificado em uma tabela de referência. Ele é falho, pois considera peso total, que é o somatório de vários aspectos: água corporal, músculo, ossos, gordura, órgãos. Não conseguimos distinguir a composição corporal. A pessoa pode estar com o peso dentro da faixa de normalidade e estar com a massa de gordura aumentada, por exemplo, o que para a saúde não é interessante. Da mesma forma, um atleta pode ser classificado em obesidade pelo IMC, mas ter seu peso elevado devido à grande quantidade de massa muscular”, explica. 

Nem mesmo aquele efeito sanfona de diminuir e aumentar o peso constantemente é indicado. “Para a saúde é mais vantajoso a manutenção do peso, mesmo que a pessoa esteja com alguns quilos acima do “ideal”, do que ficar no efeito sanfona. Saúde é multifatorial, por isso para avaliá-la da melhor forma é preciso considerar não só uma boa e completa avaliação física, mas também questões clínicas, bioquímicas, nutricionais e de estilo de vida”, acredita a nutricionista.