
O pastor evangélico Claudinei Benedicto filmou um peixe de cerca de 1,5 metro de comprimento nadando próximo a pessoas praticando stand up paddle no Lago Paranoá, em Brasília. Benedicto fez o registro quando caminhava com o filho de 10 anos, João Luís, na Ponte JK, há três semanas.
“De imediato, parecia um jacaré. Estava pertinho das pessoas. Ele foi para cima para pegar oxigênio”, disse. Na gravação, uma mulher em uma prancha com uma criança rema em direção ao peixe após ser alertada por Benedicto, mas o animal desaparece sob a ponte.
Para o pastor, o peixe é um pirarucu, espécie comum à região amazônica. “Com aquele rabo vermelho e redondo, que eu saiba, só tem o pirarucu”, afirmou. Natural do Paraná e geógrafo de formação, Benedicto disse já ter trabalhado em regiões onde a espécie é encontrada. “Fiz várias viagens para a região Norte, Goiás e Tocantins e conheço muito de peixe.”
Especialistas ouvidos pelo G1 e viram o vídeo, porém, têm opiniões divergentes sobre a espécie registrada no vídeo. O biólogo da Caesb Fernando Starling disse que o peixe é provavelmente um pirarucu. "Parece um pirarucu pelo tamanho e avermelhado dorsal. Ele também nada na superfície para poder respirar. Não é nativo daqui, mas também não é impossível ele ter se adaptado bem no lago."
Parece um pirarucu pelo tamanho e avermelhado dorsal. Ele também nada na superfície para poder respirar. Não é nativo daqui, mas também não é impossível ele ter se adaptado bem no lago".
Mas o biólogo não descarta a hipótese de o peixe ser uma carpa prateada. "Há uns 20 anos tínhamos um estudo para despoluir o lago no qual as carpas seriam testadas, já que comem matéria orgânica e são filtradoras. Algumas centenas foram soltas por acidente, às vezes a rede furava por causa de jacarés, por exemplo. Então, pode ser um dos dois [peixes]."
Segundo Starling, as carpas podem viver até mais de 20 anos, porém não há uma estimativa de quantas ainda podem existir no lago. "Elas não se reproduzem naturalmente. Então, das que escaparam, algumas morrem de velhice, outras batem em barcos e morrem."
A professora do departamento de genética e morfologia do Instituto de Biologia da Universidade de Brasilia (UnB), Maria Fernanda Ferreira, também acredita que o peixe seja uma carpa.
"Das espécies nativas, não tem nenhum com esse tamanho. Apesar de não podermos afirmar com certeza, ele pode ser uma carpa, que até já foi pescado aqui. É um peixe filtrador e bastante dócil, atinge mais de 1,2 metro e pesa mais de 30 kg. Ele não se reproduz, pois possui uma das gônadas atrofiada. 90% das introduções de espécies acontecem por ação humana", declarou.
O pesquisador em manejo e conservação de recursos pesqueiros da Embrapa Pesca e Aquicultura, Giovanni Moro, fica entre o pirarucu e o pirarara. "Eu e outros especialistas ficamos entre essas duas espécies, pois são de bacias que têm contato com o Lago Paranoá. Mas ainda acho que seja mais um pirarucu. Pelo vídeo, parece que ele dá uma subida e respira, típico da espécie."
Carnívoros
Um pirarucu pode chegar a mais de dois metros de comprimento e pesar mais de 200 kg. "É raro ver um peixe desse tamanho no lago porque a possibilidade de chegar lá é remota. Não é comum por ter muitas barreiras físicas. O mais provável é que tenha sido adquirido para a ornamentação de aquários e solto depois que ficou muito grande", disse Moro.
O pirarara é um bagre, chega a um metro e meio de comprimento e 80 kg de peso, e se destaca por ter a cauda vermelha. "Se for um, provavelmente está doente porque não fica na superfície. Ele migra para se reproduzir." Assim como o pirfarucu, o pirarara é carnívoro e se alimenta basicamente de peixes menores.
De acordo com os especialistas, as espécies mais comuns no Lago Paranoá são o tucunaré, lambari, saguiru, cascudo, tilápia, traíra e a carpa regular. Introduzidas no lago na década de 60, a traíra e a carpa são as espécies dominantes do Paranoá.
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