Vulnerabilidade social de quem vive no bairro Noroeste é ainda mais evidente em período chuvoso.

Para quem vive em barracos, chuva molha tudo e tira o sono de pais e bebês em Campo Grande

Se a chuva que caiu em Campo Grande desde a madrugada desta quinta-feira (14) e causou estragos por toda a cidade preocupa quem tem um teto seguro para viver, imagina a situação de quem teme que chapas finas de madeira caiam sobre suas cabeças ou que a enxurrada leve o pouco que a família possui. Essa é a situação enfrentada nas últimas horas por quem vive na Comunidade Esperança, no bairro Noroeste, na Capital.

O desespero das 140 famílias que vivem na comunidade começou ainda na madrugada, por volta das 5 horas, quando trovões e raios anunciavam que uma tempestade severa estava a caminho. Para quem tem pouco ou quase nada, a correria para recolher tanto roupas de cama como as roupas da família foi grande.

"Acordei com o barulho dos trovões, recolhi as roupas para molhar o mínimo possível, peguei as crianças e fomos para um canto do barraco, com medo de uma tragédia", conta Maria das Dores, de 38 anos que vive em um barraco de uma peça com três crianças, entre elas um bebê de 6 meses.

O esperado por Maria e mais dezenas de famílias aconteceu: a chuva forte infiltrou em todas as frestas dos barracos de madeira e em poucos minutos, tudo estava molhado. 

A comunidade Esperança fica na parte baixa do bairro, localização que diminui os impactos da força do vento, mas aumenta os estragos causados pela enxurrada. Ou seja, os moradores se livram de destruição causada pelo vendaval, mas precisam lidar com a chuva que invade a moradia improvisada.

Gleice Garcia mora com seis crianças e o marido em um pequeno barraco. Ela é outra que se preoucupa com a situação causada pela chuvarada. "Os meu filhos são minha vulnerabilidade", desabafa. A jovem também teve que lidar com a chuva dentro de casa e faz de tudo para secar as roupas de cama, já que tem mais chuva prevista para os próximos dias.

A mesma situação é compartilhada por Bruna Miranda, de 20 anos. Com três filhos, um deles de apenas 5 meses, a jovem tenta encontrar esperança para lidar com o risco causado por tanta água e umidade. "Nós temos que dormir no barraco molhado, não temos alternativa. Eu recolhi o que pude porque vem mais chuva por aí", conta. 

Enquanto a reportagem do Jornal Midiamax permaneceu no local, se aproximava a hora do almoço. Maria, que você conheceu no início da reportagem, já começava a preparar a comida para os filhos. Sem gás, ela depende de um fogareiro improvisado na cozinha para preparar o alimento da família. Com a chuva e tudo molhado, a situação ficou ainda mais complicada e o pequeno fogareiro improvisado teve que ser levado para fora de casa, em meio à lama. 

Todos os moradores ouvidos pela reportagem afirmam que entraram em contato com a SAS (Secretaria de Assistência Social) da prefeitura de Campo Grande pedindo por ajuda para lidar com os estragos causados pela chuva. Ao Jornal Midiamax, a secretaria informou, por meio da assessoria de imprensa, que equipes dos Cras (Centro de Referência de Assistência Social) monitoram as regiões mais vulneráveis da cidade e estão fazendo levantamentos para doação de colchões e cestas básicas.