Ação acontece no Mato Grosso do Sul e outros 16 estados.

Para preservar o que resta de Mata Atlântica, MPE dá início à operação
Vista de parte da área de mata atlântica no território de MS. / Foto: Divulgação/sosma.org.br

Visando coibir o desmatamento em regiões de Mata Atlântica, o Ministério Público do Mato Grosso do Sul e de outros 16 Estados, todos os que abrigam o bioma, deflagraram hoje (16) a 3° edição da Operação ‘Mata Atlântica em Pé’. A operação, que vai até sexta-feira (20), recebe o apoio da Polícia Militar, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e de órgãos estaduais ligados à questão ambiental. O trabalho feito na operação inclui vistorias, autuações e outras medidas em propriedades onde houver a confirmação de desmatamento de Mata Atlântica através de ferramentas de geoprocessamento.

O Mato Grosso do Sul participa pela segunda vez da operação de âmbito nacional. No Estado, a iniciativa contará com 18 equipes para a ação, 15 delas formadas por homens da Polícia Militar Ambiental e o restante por agentes do Ibama. Serão alvos da operação 118 propriedades em 20 municípios sul-mato-grossenses, cerca de 1200 hectares, onde foram detectados através de satélites sinais de desmatamento. Do total de municípios, 13 serão de responsabilidade da PMA e 7 do Ibama.

A ação no Estado é coordenada pelo Ministério Público através do Promotor de Justiça do Núcleo Ambiental, Luciano Furtado Loubet. De acordo com o Promotor, o objetivo da operação é tanto de fiscalizar focos de desmatamento quanto de promover a conscientização ambiental. “As pessoas saberem que as ações de desmatamento estão sendo fiscalizadas por satélite e depois em campo acaba inibindo a própria prática ilegal”, afirmou.

Na segunda edição da operação, realizada no ano passado, houve participação de 15 estados brasileiros. Foram confirmadas áreas de desmatamento que juntas atingiam 5.285 hectares de florestas. A fiscalização, feita em 517 propriedades em território de Mata Atlântica, apreendeu cerca de 870 caminhões carregados de madeira e emitiu multas de quase R$21 milhões. 

Para direcionar as equipes atuantes nas áreas de desmatamento, foram utilizadas como suporte imagens de satélites e atlas desenvolvidos pelo Núcleo de Geoprocessamento (Nugeo), SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Entre as metodologias aplicadas, estão as imagens comparativas entre o estado atual das localidades e a situação em períodos anteriores. De acordo com o comandante da PMA/MS, Tenente-Coronel Edmilson Queiroz, as tecnologias são aliadas essenciais no combate aos crimes ambientais. “Os locais que nós fomos são descobertos por imagens de satélites. Estas tecnologias cada vez mais avançam e subsidiam os autos de infração, a parte penal e a parte civil de reparação desse dano, mas também diminui recurso público investido porque direciona a ação”, enfatiza. 

DIVERSIDADE

Participam da ação todos os estados do país que possuem resquícios do bioma Mata Atlântica. À partir dos seus Ministérios Públicos, Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe aderiram à 3ª edição da Operação ‘Mata Atlântica em Pé’. 

O Bioma de floresta tropical visado pela operação, localizado em área litoral e parte central do Brasil, é um dos sistemas mais devastados pela ocupação humana, contando apenas com cerca de 12% de vegetação original. Deste total, 80% são mantidos em propriedades particulares.

 A preservação da Mata Atlântica é visada por influenciar questões como  a qualidade do abastecimento de água das cidades, regulação do clima e  proteção do solo.  Abrigando grande diversidade de espécies de fauna e flora, a Mata Atlântica conta com mais de 20 mil espécies de plantas, oito mil delas endêmicas, além de cerca de 298 espécies de mamíferos, 992 espécies de aves, 200 répteis, 370 anfíbios e 350 peixes.  O ecossistema também está associado a outros, como restingas, manguezais, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais.  

No Mato grosso do Sul, os principais remanescentes de Mata Atlântica estão concentrados em áreas da  Serra da Bodoquena, planície do Rio Paraná, próximo da divisa dos Estados de São Paulo e Paraná e em fragmentos isolados em áreas indígenas situadas no sudoeste do Estado.