Maior produtor regional de maconha, o Paraguai era visto até o início da década, apenas como corredor da cocaína trazida da Bolívia, Peru e Colômbia, mas essa situação mudou nos últimos anos.

Para aumentar lucro, traficantes ampliam laboratórios de cocaína no Paraguai

Com quase 1.500 quilômetros de fronteira com Mato Grosso do Sul, o Paraguai vem assumindo papel de protagonista no processamento de cocaína na América do Sul. A constatação é da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), a agência treinada e equipada com ajuda norte-americana para combater o narcotráfico no país vizinho.

Maior produtor regional de maconha, o Paraguai era visto até o início da década, apenas como corredor da cocaína trazida da Bolívia, Peru e Colômbia, mas essa situação mudou nos últimos anos.

Para aumentar os lucros, organizações criminosas instaladas no Paraguai estão trazendo a principal matéria-prima dos países andinos (pasta-base produzida com folha de coca) e fazendo o refino mais perto dos principais centros consumidores – Brasil e Argentina.

Além de economizar com o transporte e logística para trazer a droga já pronta, os traficantes radicados no Paraguai faturam ainda mais, pois a pasta-base comprada na Bolívia, custa bem menos que a cocaína já refinada.

Em entrevista à rede de TV Telefuturo, o diretor de comunicação da Senad, Francisco Ayala, disse que aumentou consideravelmente o número de laboratórios de refino de cocaína descobertos nos últimos anos, principalmente, na fronteira com o Brasil.

Segundo ele, grandes quantidades de pasta-base são trazidas de avião da Bolívia e transformadas em cocaína pronta para o consumo em laboratórios, geralmente, instalados perto das pistas clandestinas.

Desde 2012, a Senad começou a constatar aumento de laboratórios de refino de cocaína em território paraguaio, apesar do país não ser produtor da planta (Erythroxylum coca).

Conforme o assessor da Senad, além do refino da pasta-base, os traficantes baseados no Paraguai, também alteram a cocaína já refinada trazida do Peru e da Colômbia, misturando outros produtos químicos para aumentar a quantidade e, consequentemente, os lucros.

Nos últimos cinco anos, a Senad estourou cinco laboratórios de refino de cocaína considerados sofisticados, com infraestrutura de primeiro nível e 12 laboratórios improvisados, destinados apenas para refino de pasta-base.

Também contribui para o Paraguai se tornar o principal processador de cocaína do continente, a facilidade dos traficantes em ter acesso a produtos químicos usados no refino, como acetona e éter.