Silvano Tavares da Silva, 73, relembra com carinho os anos que passou no papel do bom velhinho, até a aposentadoria.

Papai Noel por 22 anos:
Silvano Tavares exibe com orgulho a roupa de Papai Noel, em Maceió / Foto: Magda Ataíde/G1 AL

O Papai Noel é um dos símbolos natalinos mais vistos durante o mês dezembro, e o mais querido pelas crianças. A lenda diz que Papai Noel mora no Polo Norte com a Mamãe Noel, suas renas e elfos mágicos, e que distribui presentes na noite da véspera de Natal.

Mas até o mais célebre personagem desta época do ano precisa de um descanso. Silvano Tavares da Silva, 73, passou 22 anos no papel de bom velhinho no mesmo shopping de Maceió, em Mangabeiras, até que a aposentadoria chegou.
Em entrevista ao G1, o alagoano natural do município de São José da Laje, Zona da Mata do estado, contou que trabalhava como encarregado geral de manutenção no shopping, quando recebeu o primeiro convite para ser Papai Noel, em 1991.

E ele até rejeitou a ideia a princípio, mas repensou. "Foi uma das melhores experiências da minha vida", lembra Silva.
 
“A coordenadora me chamou e disse: 'Seu Silvano, vou lhe colocar como Papai Noel para abrir o pacote de Natal'. Eu perguntei se ela estava doida, pra colocar aquela roupa quente em mim, até que disse que era pra descer de helicóptero, aí mudei de ideia e fui” , relembra o Papai Noel aposentado.
 
Depois desse dia, Silvano começou a trabalhar com a tradicional roupa vermelha no shopping, em escolas, condomínios e diversos outros tipos de eventos.
Ele admite que o incentivo para o trabalho era a renda extra, pois continuaria na sua função original no shopping nos outros meses, mas, com o tempo, aquilo se tornou a felicidade da vida dele.
“Muita gente perguntava se era bom o dinheiro que eu recebia sendo Papai Noel, aí eu respondia: 'Eu não trabalho aqui pelo dinheiro, trabalho pela alegria das crianças, e pela dos adultos também'. Não é fácil ficar sentado ali no shopping cinco horas com uma roupa quente, mas eu fazia tudo por amor”, disse Silvano sorrindo.

O aposentado afirma que teve muitas experiências boas e ruins durante os anos que trabalhou no shopping como Papai Noel. Até fazia uso desse papel para aconselhar crianças e seus pais a fazerem "as coisas certas".
Alguns pais pediam para as crianças puxarem sua barba, e o Papai Noel tinha que assumir o papel também de educador, orientando que aquilo acabaria com o encanto do Natal.
Mas também houve momentos de muita emoção.

“Um garoto um dia me fez um pedido muito especial. Ele disse 'Papai Noel, peça para o meu pai voltar pra casa'. Eu chamei esse pai no cantinho e disse pra ele que estava prometendo algo para o filho dele e que ele precisava cumprir. Esse pai voltou para a família para tomar conta dos filhos, foi muito feliz”, relembra o aposentado, com lágrimas nos olhos.
 
Silvano afirma que ser Papai Noel é mais que passar 40 dias usando uma roupa vermelha na época de Natal, é se tornar um portador das boas novas, da felicidade e da alegria para crianças e adultos.
A decisão de se aposentar não foi fácil. Mas em 2013, por orientação médica, teve que deixar o gorro e a barba de lado.
"Quando adoeci, meu médico disse que eu não poderia passar mais tantas horas sentado em shopping nenhum, porque já foi um milagre eu estar vivo depois de ter um AVC [Acidente Vascular Cerebral]. Eu fiquei triste por ter que sair do shopping", diz.
Mas o carinho pelo Natal é o mesmo até hoje. “Eu passo o mês todo desejando Feliz Natal e celebrando a chegada do menino Jesus”.